Em uma carta aberta chamada “Crime da 113 Sul: A Voz dos Inocentes”, divulgada em uma rede social nesta sexta-feira (24), a arquiteta Adriana Villela, filha das vítimas do triplo homicídio que abalou Brasília em 2009, comemorou a anulação da condenação e a soltura de Francisco Mairlon Barros Aguiar, que ficou quase 15 anos preso pelo caso.
Adriana Villela, que também foi acusada e condenada como mandante do crime, declarou que ela e Francisco Mairlon foram vítimas de uma “obra de ficção policial e difamação pública”, baseada numa “narrativa falsa, inventada para sustentar uma acusação sem provas, amplamente divulgada na mídia”.
Erro Judicial
Adriana expressou apoio a Mairlon e sua família, que passaram por “uma injustiça que nunca deveria ter acontecido”, e afirmou que a prisão do inocente foi causada por um “erro judicial provocado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Distrito Federal”. Francisco Mairlon esteve preso desde 2010 e teve sua condenação anulada recentemente pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele foi acusado como um dos responsáveis pelo crime que matou José Guilherme Villela, Maria Carvalho Villela e a empregada Francisca.
A arquiteta relatou que, embora não conhecesse Mairlon pessoalmente, sempre acreditou na sua inocência, principalmente pela maneira como ele foi envolvido nas investigações pela delegacia Corvida, que ela acusa de manipular e editar depoimentos para incriminá-los. Essa convicção aumentou em 2018, ao ler a primeira entrevista de Mairlon, na qual ele esperava que outros envolvidos (Leonardo e Paulo) revelassem a verdade.
Acusações
Adriana Villela destacou que também busca justiça há 15 anos, enfrentando “acusações falsas baseadas em depoimentos inconsistentes, laudos periciais questionáveis e interpretações distorcidas” sobre sua vida pessoal.
Ela defende que “todo esse conjunto de erros e falsas acusações poderia ter sido evitado com uma atuação séria e cuidadosa dos órgãos de controle”. Mencionou que a Corregedoria da Polícia Civil, o Núcleo de Controle Externo do Ministério Público e a OAB foram acionados na época, mas ressaltou ser urgente que esses órgãos sejam revisados e fortalecidos para evitar casos semelhantes.
Adriana também pediu que a Justiça corrija a “injustiça da falsa acusação contra mim”, esperando que a “verdade, que agora alcança Francisco, corrija também a injustiça contra mim”.
Ela classificou como “inadmissível” que pessoas continuem “sem poder para se defender dos erros de agentes do Estado que, movidos por autopromoção ou pela pressa em resolver casos, distorcem a verdade e apresentam falsas histórias à população.”
Por fim, Adriana Villela manifestou seu desejo de que a liberação de Mairlon leve a uma “reflexão profunda sobre os princípios que nossa Justiça deve seguir, para evitar que outros inocentes sofram o mesmo tipo de acusação e julgamento injusto sem provas”. Ela reconheceu que “nenhuma reparação é suficiente pelo que vivemos”, mas celebra a “justa libertação” de Mairlon e espera que ele “possa reconstruir sua vida, agora que a Justiça confirmou sua inocência”.
