18.5 C
Brasília
sexta-feira, 05/12/2025

Acusações de crime de guerra dificultam ação de Trump no Caribe

Brasília
céu limpo
18.5 ° C
18.9 °
18.1 °
89 %
2.1kmh
0 %
sex
25 °
sáb
22 °
dom
23 °
seg
24 °
ter
19 °

Em Brasília

Um suposto crime de guerra realizado pelos Estados Unidos no Caribe, no começo de setembro, está questionando a atuação militar americana na região, cujo objetivo declarado por Donald Trump é combater cartéis envolvidos no tráfico de drogas que abastecem o país.

Campanha militar dos EUA

Em agosto deste ano, os EUA iniciaram uma operação militar na América Latina e no Caribe, alegando a necessidade de combater o tráfico internacional de drogas que utiliza rotas marítimas locais para entrar no país.

Desde então, uma frota composta por navios de guerra, militares, um submarino nuclear, caças F-35 e o maior porta-aviões do mundo, o USS Gerald R. Ford, foram enviados à região.

Essa movimentação coincide com mudanças na política externa dos EUA, que passaram a classificar alguns cartéis de drogas como organizações terroristas internacionais. Isso teoricamente legitima as operações americanas em outros países contra esses grupos, sob a justificativa do combate ao terrorismo.

Até o momento, o governo dos EUA confirmou a destruição de 23 barcos supostamente ligados ao tráfico de entorpecentes em águas do Caribe e do Oceano Pacífico, resultando na morte de mais de 80 pessoas. No entanto, Washington nunca divulgou provas concretas para sustentar essas acusações.

A Organização das Nações Unidas (ONU) criticou as operações, classificando-as como “execuções extrajudiciais”.

Um dos principais alvos da ofensiva americana é o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Ele é apontado pela administração Trump como líder do cartel Los Soles, que também foi listado como organização terrorista internacional.

Recentemente, Trump indicou que os ataques navais podem se expandir para operações terrestres, não só contra a Venezuela, mas contra qualquer país que “produza e venda” drogas para os EUA.

O caso veio à tona em uma reportagem do jornal americano Washington Post em 28 de novembro. Segundo a matéria, o chefe do Pentágono, Pete Hegseth, teria ordenado um segundo ataque ao primeiro barco destruído no Caribe para garantir que todos os náufragos fossem mortos. A embarcação transportava 11 pessoas.

Inicialmente, o secretário de Defesa dos EUA negou as acusações, classificando a notícia como falsa. Contudo, a Casa Branca confirmou um segundo bombardeio na mesma ocasião, tentando distanciá-lo de Hegseth.

Durante uma coletiva, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que o ataque foi uma ordem direta do almirante Frank Bradley, com autorização do chefe do Pentágono, mas não informou se havia sobreviventes antes do segundo ataque.

Crime de guerra

As revelações geraram debate nacional e internacional, pois a lei internacional proíbe ataques contra feridos em conflitos. Essas ações são vedadas inclusive pelo governo americano. Segundo o Manual de Direito da Guerra do Pentágono, ordens para atacar combatentes feridos, inconscientes ou náufragos devem ser recusadas, mesmo quando emanadas de superiores.

Após a repercussão, o Congresso dos EUA iniciou uma investigação sobre a operação no Caribe e o suposto crime de guerra cometido pelas forças americanas. Parlamentares do Partido Democrata e alguns republicanos ligados a Trump apoiaram a abertura das investigações.

Como parte do processo, o almirante Frank Bradley foi ouvido por membros da Câmara e do Senado em 4 de dezembro. Deputados e senadores ficaram divididos após assistirem a um vídeo do segundo ataque.

Os democratas criticaram fortemente o ataque, classificando as imagens como “uma das coisas mais perturbadoras” que já viram. Já políticos republicanos alinhados à administração Trump defenderam a operação, declarando que a ação foi “completamente legal e necessária”.

Veja Também