O grupo Hamas anunciou nesta sexta-feira (3/10) que está de acordo com parte da proposta apresentada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para encerrar o conflito em Gaza. No entanto, o documento do Hamas revela que existem questões divergentes que ainda necessitam ser debatidas em futuras negociações antes de um acordo final ser alcançado.
A proposta dos EUA, contendo 20 pontos, define as condições para o término da guerra que dura quase dois anos entre Israel e Hamas. O presidente Trump estabeleceu um prazo até domingo (5/10) para que o Hamas respondesse, ameaçando uma ação militar severa caso não houvesse um acordo. Em sua mensagem na rede social Truth Social, afirmou que a paz no Oriente Médio será alcançada de uma maneira ou de outra, solicitou a libertação imediata dos reféns, vivos ou mortos, e declarou que um acordo deveria ser firmado até domingo à noite.
Pontos Aceitos pelo Hamas
Na resposta oficial, o Hamas mostrou disposição para libertar todos os prisioneiros israelenses, vivos e mortos, conforme a proposta. O grupo também aceitou iniciar negociações mediadas para definir os detalhes da troca. Outro ponto aceito foi a transferência da administração da Faixa de Gaza para um órgão independente formado por tecnocratas palestinos, apoiados pelos países árabes e islâmicos. O Hamas valorizou o apoio desses países e do presidente Trump para o fim do conflito.
Quanto às demais questões propostas por Trump sobre o futuro de Gaza e os direitos do povo palestino, o Hamas declarou que isso deve ser tratado em consenso nacional e por meio da discussão em um amplo fórum palestino, onde o grupo contribuirá com responsabilidade.
Questões que Ainda Precisam Ser Resolvidas
Alguns pontos fundamentais do plano, como o desarmamento do Hamas, continuam sem consenso. O grupo não mencionou essa exigência na resposta, indicando resistência a deixar de lado suas armas. Para Israel e os Estados Unidos, o desarmamento é essencial para garantir segurança e estabilidade após o conflito.
Outra questão é a administração de Gaza. Trump propôs um órgão internacional de transição chamado ‘Conselho da Paz’, supervisionado pelos EUA e pelo ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair. O Hamas rejeitou esta ideia e defendeu uma administração local por tecnocratas palestinos com apoio árabe e islâmico, indicando uma disputa política sobre o controle do território.
Além disso, o Hamas enfatiza que o futuro de Gaza não pode ser tratado isoladamente, devendo ser considerado dentro do contexto mais amplo dos direitos palestinos e do estabelecimento de um consenso nacional, baseado em resoluções internacionais.
Perspectivas
Para o Hamas, não basta negociar apenas o cessar-fogo; é necessário abordar também a causa palestina e a visão de um futuro Estado que una Gaza e a Cisjordânia. Caso o acordo seja aceito e implementado conforme anunciado, espera-se que as operações militares cessem imediatamente, os reféns sejam libertados e inicie-se o processo de reconstrução e transição política na região.