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segunda-feira, 08/09/2025

Ações de Trump fazem Putin fechar parcerias na Eurásia

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A recente série de viagens diplomáticas do presidente da Rússia, Vladimir Putin, tem como principal objetivo responder às pressões provenientes do Ocidente, especialmente da Casa Branca sob o comando de Donald Trump. As medidas adotadas pelo republicano para forçar um cessar-fogo na Ucrânia estão fazendo com que o líder russo reorganize sua estratégia, fortalecendo laços com países da Eurásia e do Sul Global, como China, Coreia do Norte e Índia.

Enquanto Volodymyr Zelensky conta com o suporte de Trump e de líderes europeus, Putin busca consolidar o apoio de seus aliados.

No final de agosto, Putin visitou a China e concluiu uma série de reuniões bilaterais com Xi Jinping e Kim Jong-un, até 3 de setembro. Esse movimento foi interpretado como uma demonstração simbólica de uma frente alternativa à influência dos Estados Unidos e da Europa.

A visita teve início em Tianjin, durante uma cúpula regional extraordinária que reuniu representantes de doze países do Sul Global. O Kremlin enfatizou que suas ações não serão guiadas pelas perspectivas ocidentais. Segundo o porta-voz Dmitry Peskov, Moscou pretende abandonar a visão depreciativa que mede cada ato pela reação do Ocidente.

Fortalecimento das Relações

Apartir dos encontros com Xi Jinping, Kim Jong-un, o premiê da Índia Narendra Modi, o presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan e outros 15 chefes de Estado, Putin assinou mais de vinte acordos com Pequim. Esses acordos abrangem áreas que vão da energia e ciência até inteligência artificial e fornecimento de gás.

Xi Jinping classificou Putin como um “amigo querido” e destacou que as relações bilaterais estão no “nível mais alto da história”. Putin afirmou que a parceria com a China representa um caminho para um “mundo multipolar mais equilibrado”.

No mesmo evento, Xi Jinping apresentou a Iniciativa de Governança Global (IGG), vista como base para uma nova ordem internacional. Ele alertou que o sistema global segue ameaçado por mentalidades herdadas da Guerra Fria, hegemonismo e protecionismo.

Especialistas consultados avaliam que o encontro simboliza um avanço da Rússia para construir uma alternativa ao eixo ocidental, embora revele certas vulnerabilidades de Moscou.

Para a advogada internacionalista Hannah Gomes, o Kremlin tem o objetivo de fortalecer seus vínculos políticos com potências globais.

“Este encontro multilateral representa um progresso na busca russa por criar uma alternativa ao eixo ocidental. A presença de Xi Jinping e Kim Jong-un simboliza a consolidação de laços comerciais, políticos e possivelmente militares na região da Eurásia. A pressão das sanções está incentivando a Rússia a cooperar mais estreitamente com países que também se sentem ameaçados pela ordem liderada pelos EUA.”

Índia na Equação

Mesmo com tarifações de até 50% aplicadas por Donald Trump contra Nova Délhi, o premiê Narendra Modi apareceu publicamente ao lado de Xi Jinping e Putin, demonstrando cordialidade.

Para Moscou, a decisão da Índia de continuar comprando petróleo russo foi recebida como um sinal de autonomia frente às pressões ocidentais.

Desfile Militar na China

Em 3 de setembro, o governo chinês promoveu um grande desfile militar na Praça da Paz Celestial, em Pequim.

A parada contou com a presença de 24 líderes mundiais, principalmente de países asiáticos e ex-repúblicas soviéticas. O evento marcou o primeiro encontro entre Xi Jinping, Vladimir Putin e Kim Jong-un.

Kim Jong-un e a Frente Simbólica

O encontro entre Putin e Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte, resultou em promessas de apoio à Rússia no conflito, reforçando a percepção de formação de um novo eixo geopolítico.

No dia 5 de setembro, Kim Jong-un declarou: “Apoiaremos integralmente o governo e o exército russo em sua luta para defender a soberania do Estado, a integridade territorial e os interesses de segurança. Permaneceremos fiéis ao tratado entre a República Popular Democrática da Coreia.”

Reação dos Estados Unidos e da Europa

Donald Trump respondeu com ironia pelas redes sociais, acusando Xi Jinping, Putin e Kim Jong-un de conspirar contra os Estados Unidos, e afirmou ter perdido a Rússia e a Índia para a China.

Washington intensificou as sanções energéticas contra Moscou, incentivando a União Europeia e aliados a diminuírem a compra de petróleo e gás russos.

Na Europa, a chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, qualificou a reunião dos três líderes como um “desafio direto à ordem internacional” e um “sinal antiocidental”.

O professor Gustavo Menon, da UCB e da American Global Tech University, salienta que a movimentação expõe a formação de blocos paralelos.

“O encontro destacou a formação de um grupo entre Rússia, China e Coreia do Norte, em contraposição ao imperialismo ocidental. Essa dinâmica diplomática revela alianças complexas em desenvolvimento, com a Rússia buscando apoio no Oriente para enfrentar as pressões externas.”

Por outro lado, o advogado internacionalista Julian Rodrigues Dias percebe vulnerabilidades na posição de Moscou:

“Embora a imagem de Putin ao lado de Xi Jinping e Kim Jong-un tenha sido mostrada como um sinal de força, ela também evidencia fragilidade interna. Moscou depende de Pequim para manter sua economia funcionando e conta com Pyongyang mais como um apoio retórico do que estratégico.”

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