Um laudo da Polícia Técnico-Científica revelou que a causa da morte da atriz Millena Brandão, em 2 de maio, foi um abscesso cerebral. A criança de 11 anos apresentava dores intensas de cabeça quando foi hospitalizada.
O abscesso cerebral é uma infecção rara e muito perigosa. Ela ocorre quando micro-organismos, normalmente bactérias, invadem o cérebro e formam uma coleção de pus envolta por tecido inflamado. Apesar de incomum, essa condição requer diagnóstico rápido e tratamento imediato para evitar danos neurológicos ou até morte.
A infecção pode ter origem em diferentes partes do corpo, frequentemente vindo de infecções dentárias, otites, sinusites ou pneumonias que liberam bactérias na corrente sanguínea. Também pode ser consequência de traumas na cabeça, cirurgias cranianas ou em pacientes com imunidade baixa.
“É uma infecção bacteriana dentro do cérebro, causando inchaço e acúmulo de pus. As bactérias podem chegar ao cérebro a partir de outras áreas do corpo”, explica a médica Thaís Augusta Martins, coordenadora de Neurologia do Hospital Santa Lúcia, em Brasília.
Diagnóstico do abscesso cerebral
Em vários casos, o quadro se desenvolve lentamente, o que pode atrasar o diagnóstico. Por isso, sintomas neurológicos súbitos ou que se agravam devem ser avaliados rapidamente, especialmente com histórico recente de alguma infecção.
O diagnóstico é confirmado por exames de imagem, como tomografia computadorizada ou ressonância magnética do crânio, que mostram a lesão. Em alguns casos, pode ser necessário coletar amostras de pus para identificar o agente responsável.
A punção lombar pode ajudar na análise do líquido cefalorraquidiano, mas deve ser realizada com cuidado para evitar riscos se houver aumento da pressão intracraniana.
“A imagem é fundamental para o diagnóstico. A ressonância evidencia claramente o pus acumulado e o inchaço ao redor, orientando o tratamento”, ressalta o neurocirurgião vascular e neurorradiologista intervencionista Victor Hugo Espíndola Ala, de Brasília.
Sintomas principais do abscesso cerebral
- Dor de cabeça forte e constante;
- Febre;
- Náuseas e vômitos;
- Confusão mental ou mudanças no comportamento;
- Fraqueza em um lado do corpo;
- Dificuldade para andar ou falar;
- Convulsões;
- Sono excessivo ou diminuição do nível de consciência.
Tratamento
O tratamento do abscesso cerebral deve começar imediatamente e envolve antibióticos potentes administrados por via intravenosa, e muitas vezes cirurgia para drenar o pus. A escolha do método depende da localização e tamanho do abscesso.
Se o abscesso for pequeno e o paciente estiver estável, o tratamento apenas medicamentoso pode ser suficiente.
“É uma condição com alto potencial de cura. Com antibióticos certos, é possível eliminar as bactérias causadoras. Com cuidados intensivos e reabilitação, o paciente pode se recuperar totalmente”, destaca Thaís.
Embora seja uma condição grave, o prognóstico melhora muito com o diagnóstico e tratamento precoce. O Ministério da Saúde reforça que a maioria dos pacientes se recupera plenamente com intervenção adequada. Porém, atrasos no tratamento podem causar sequelas motoras, cognitivas ou convulsões. Nos casos graves, a infecção pode se agravar rapidamente e levar ao óbito.
“O prognóstico depende diretamente da rapidez da intervenção. Quanto antes o diagnóstico e tratamento começarem, maior a chance de recuperação sem sequelas”, reforça Victor Hugo.
Portanto, é crucial não ignorar sintomas neurológicos súbitos, especialmente após infecções recentes. Os avanços em neurocirurgia têm ajudado a salvar vidas e preservar a qualidade de vida, mas o tempo é sempre decisivo.