Uma jovem de 24 anos sofreu agressões do então companheiro após engravidar em decorrência de um estupro ocorrido em um prédio no Setor Hoteleiro Norte (SHN) em fevereiro deste ano. O caso está sob investigação da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).
Além da violência doméstica, a mulher enfrentou uma grave complicação médica durante a realização de um aborto legal no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), onde sofreu perfurações no útero e no intestino, o que resultou no uso de uma bolsa de colostomia.
A vítima, que escondia a situação por medo, revelou a gravidez decorrente do estupro à pastora da igreja que frequenta. O ex-companheiro descobriu a gravidez ao ler mensagens entre a mulher e a religiosa, e passou a agredi-la fisicamente e verbalmente. Após registrar um boletim de ocorrência, a jovem foi abrigada com a filha, de 2 anos.
O aborto ocorreu em 23 de abril, conforme previsto pela lei para casos de gravidez resultante de violência sexual. Após o procedimento, a paciente apresentou dores intensas e sangramentos, mas recebeu alta do hospital naquele mesmo dia, mesmo sem uma avaliação adequada de sua condição.
No dia seguinte, devido à gravidade dos sintomas, ela foi transferida para o Hospital Regional da Asa Norte (Hran) para um novo procedimento cirúrgico, passando a usar uma bolsa de colostomia. Em 30 de abril, retornou ao abrigo.
Como a permanência máxima no abrigo é de três meses, ela deixou a unidade em 31 de julho. A jovem, que trabalhava em um restaurante, foi demitida em função da bolsa de colostomia e atualmente conta apenas com um auxílio-aluguel de R$ 600.
Angelo José Martins de Mattos, advogado da vítima, criticou a conduta da médica responsável pelo atendimento, classificando-a como negligente e imprudente, enfatizando a necessidade de maior sensibilidade e cuidado no tratamento de pacientes em situação vulnerável.
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) informou que está ciente do caso e que todos os protocolos assistenciais foram seguidos desde o início do atendimento. A pasta esclareceu que, após a intercorrência, a paciente recebeu assistência imediata e continua com acompanhamento médico contínuo. O fato está sendo investigado conforme os protocolos de segurança do paciente, e a SES-DF ressaltou seu compromisso com a ética e sigilo das informações em saúde.