“Vocês veem como os EUA e seus satélites duplicam, triplicam e quadriplicam os esforços de contenção do nosso país, utilizando de um amplo arsenal de sanções econômicas unilaterais até uma propaganda totalmente enganosa no espaço midiático global”, de acordo com suas palavras.
Mundo
A Ucrânia não entregará uma polegada de terra à Rússia – o Ocidente deve entender isso
Kiev sabe que concessões não trarão segurança: pelo contrário, provocarão uma nova ofensiva russa

Fotografia: Fadel Senna/AFP/Getty Images
Os analistas orientais estão tentando desenvolver diferentes cenários para as ações da Rússia na Ucrânia. O “menu” é amplo: um conflito prolongado com uma transição gradual para hostilidades de baixa intensidade; um desastre nuclear; o uso de armas químicas ou biológicas para trazer vitória nas operações terrestres; compromisso político do lado da Ucrânia e de outros.
O único cenário que não é discutido é a restauração total da integridade territorial da Ucrânia. Em todos os lugares há alguns “mas”, como se a necessidade de “sacrificar” algo à Rússia fosse considerada inevitável.
É impossível para a Ucrânia aceitar qualquer ultimato da Rússia . Nem o reconhecimento das chamadas “repúblicas” dentro das fronteiras dos oblasts de Luhansk e Donetsk, nem a anexação da Crimeia, nem a desmilitarização da Ucrânia.
Kiev entende que essas concessões não trarão nenhuma segurança e de forma alguma garantirão a retirada das tropas russas. Além disso, esses “compromissos” não impedirão um novo ataque russo. Ao contrário, eles só podem provocar uma nova ofensiva russa contra a Ucrânia.
A única questão que pode ser debatida entre o Ocidente e a Ucrânia são as garantias de segurança na forma de um tratado, se a Ucrânia não aderir à Otan em um futuro próximo. Qualquer acordo teria que incluir termos sobre como o apoio militar será fornecido no caso de uma nova invasão. Esse apoio militar deve incluir formas concretas de resposta coletiva, incluindo o uso de tropas. No entanto, os parceiros ocidentais podem considerar essa garantia muito arriscada.
Um cessar-fogo não é suficiente, pois apenas corrigiria as posições dos militares onde eles estão. Depois disso, seria possível forçar os russos a sair apenas em troca de uma rendição política completa.
A Rússia usaria um cessar-fogo para fortalecer e rearmar suas tropas enquanto exigia que o Ocidente reduzisse a assistência militar à Ucrânia. Os parceiros da Ucrânia estariam muito mais inclinados a um compromisso político – leia-se: entregando parte dos interesses e até territórios da Ucrânia. A vontade dos ucranianos também é forte demais para aceitar este curso de ação.
Além disso, quaisquer pedidos de “desarmamento” e “desmilitarização” das tropas ucranianas por parte da Rússia e/ou do Ocidente são impossíveis em um país onde o exército ganha claramente as operações terrestres e rejeita fortemente as forças aéreas russas. As filas nos escritórios de registro e alistamento militar não desapareceriam.
O resto da população está envolvida no apoio logístico do exército. Em Kiev, a defesa territorial já tem cerca de 100.000 pessoas com armas nas mãos. Nas cidades ocupadas, milhares de pessoas saem todos os dias para protestar contra as forças de ocupação . É impossível parar essa resistência, não importa o quanto alguém queira.
Vladimir Putin não está pronto para recuar, mas não pode vencer no terreno. Isso significa que a Rússia continuará a aumentar o terror contra a população civil, e as cidades serão varridas da face da Terra por ataques aéreos e de mísseis. O uso de armas estritamente proibidas, nomeadamente biológicas, químicas e até nucleares, é cada vez mais provável.
Para a Ucrânia, ao contrário, o objetivo estratégico é a retirada das tropas russas de seu território. No entanto, parece impossível alcançá-lo diplomaticamente. Independentemente de quão desconfortável o ocidente possa estar com isso, esse objetivo só pode ser alcançado por meios militares. E o exército ucraniano é absolutamente capaz disso.
A Ucrânia deve empurrar ativamente as tropas russas para a fronteira. Isso pode ser alcançado tanto fisicamente, pelas forças armadas da Ucrânia, quanto diplomática e economicamente, com o apoio de sanções e isolamento lançados por nossos parceiros ocidentais.
Precisamos urgentemente de armas, incluindo sistemas de defesa aérea e sistemas antimísseis. Precisamos de sanções, especialmente a recusa dos estados da UE em comprar gás e petróleo russos e a desconexão de todos os bancos russos da Swift. Precisamos do apoio ocidental para a independência de toda a Ucrânia.

Mundo
Colômbia vai às urnas no domingo com liderança inédita da esquerda
O senador Gustavo Petro é favorito para chegar ao segundo turno nas eleições na Colômbia neste domingo, 29. Mas seu oponente ainda é uma incógnita

(Getty Images/Nathalia Angarita)
A Colômbia vive neste fim de semana uma eleição presidencial que caminha para ser diferente de todas as anteriores. O país de 51 milhões de habitantes vai às urnas para o primeiro turno neste domingo, 29, com a liderança nas pesquisas do senador de esquerda Gustavo Petro e uma segunda vaga ainda em disputa.
Aos 62 anos e ex-prefeito da capital Bogotá, Petro vem liderando as sondagens desde o começo da campanha. O candidato tem entre pouco mais de 35% e 40% das intenções de voto, a depender da pesquisa. Apesar de sua rejeição em alguns setores do eleitorado, Petro é visto como quase confirmado no segundo turno.
A incógnita está em qual será seu oponente. O segundo colocado é hoje Federico “Fico” Gutiérrez, candidato de direita e ex-prefeito de Medellín, que tem entre 20% e 25% dos votos.
Ele é seguido de perto pelo magnata da construção civil Rodolfo Hernández, que hoje alcança 19% das intenções de voto. Outros candidatos de direita e centro-direita correm por fora.
Ainda há entre 10% e 15% de indecisos. Além disso, a expectativa é que somente cerca de 50% ou 60% dos eleitores votem, o que também dificulta parte das projeções.
Elogiado por sua gestão em Medellín, visto como nome de renovação aos 47 anos e candidato favorito de parte do empresariado, Gutierrez tem o desafio de popularizar sua imagem entre os mais pobres. Também tem sofrido para desvincular sua candidatura do grupo político do atual presidente, Iván Duque, altamente impopular após protestos que sacudiram a Colômbia nos últimos anos, embora não seja do mesmo partido de Duque.
Já Hernández, aos 77 anos, foi o candidato que mais cresceu nas últimas semanas. O empresário foi prefeito da cidade de Bucaramanga e tem posições de direita radical, já tendo dito publicamente que admirava o ditador alemão Adolf Hitler e dado um soco em um vereador. Sem estar vinculado a um partido, ele afirma que seu objetivo é fortalecer o combate à corrupção, à violência e à imigração na Colômbia, e tem feito sucesso na internet – virando um fenômeno no TikTok – como candidato antissistema.

Hernández (ao centro), ao lado de Fico Gutiérrez (à esq.) em debate: magnata tem feito sucesso nas redes sociais (Ivan Valencia/Bloomberg/Getty Images)
Como em outras eleições latino-americanas recentes, o pleito na Colômbia será marcado por ampla desconfiança dos eleitores com os políticos tradicionais. A confiança dos colombianos na democracia também é uma das piores na região. Os três favoritos para ir ao segundo turno são políticos que não estiveram amplamente no governo nacional nos últimos anos e se vendem como algum tipo de renovação.
Colômbia pós-Uribe?
As eleições deste ano se tornam mais imprevisíveis por serem as primeiras em duas décadas que não contarão com um candidato oficial do grupo do ex-presidente de direita Álvaro Uribe. Uribe governou a Colômbia de 2002 a 2010 e fez dois sucessores: Juan Manuel Santos (com quem romperia depois por um acordo de paz com os guerrilheiros das Farc), e o atual presidente, Iván Duque.
Duque não pode se reeleger pelas leis eleitorais. Além disso, o grupo de Uribe e Duque perdeu popularidade em meio a protestos da chamada “primavera colombiana” em 2019 e, mais recentemente, em 2021. A última onda de protestos veio após uma reforma tributária proposta pelo governo, que aumentaria impostos para a classe média. Duque também foi criticado também pela violência policial nos protestos, com mais de 60 mortos em todo o país, a maioria civis.
Passadas as eleições deste domingo, o segundo turno, em 19 de junho, tende a ser acirrado. Tanto Hernández quanto Fico Gutiérrez se aproximam de Petro nas pesquisas, e tendem a aglutinar votos dos que rejeitam a esquerda.
Petro, por sua vez, tenta surfar a onda de rejeição à direita tradicional na Colômbia e o momento favorável à esquerda na América Latina, com pautas como redução da dependência de carvão e combustíveis fósseis, maior tributação aos mais ricos e ampliação do Estado. O grupo de Petro foi o grande vitorioso das eleições legislativas da Colômbia realizadas neste ano. A aliança Pacto Histórico, liderada por ele, empatou com os conservadores e liberais em força no Senado e na Câmara, um resultado sem precedentes na história recente.
Se eleito, Petro seria o primeiro presidente de esquerda da história da Colômbia.
As propostas do senador – que no passado foi guerrilheiro e hoje moderou parte do discurso – vão em linha com nomes da nova esquerda local, como o presidente do Chile, Gabriel Boric. Petro visitou Boric na posse do novo chileno neste ano, e o mandatário do Chile disse que espera poder colaborar com Petro se o colombiano for eleito.
O ex-presidente brasileiro Lula também citou Petro em sua entrevista à revista Time e elogiou o colombiano, mas disse discordar de sua proposta de caminhar para eliminar o uso de petróleo, afirmando que isso ainda não é possível no Brasil.
Enquanto isso, segue o risco de que a tensão aumente na Colômbia, marcado por violência política histórica. Petro tem sofrido ameaças de morte, ao mesmo tempo em que causou polêmica nas últimas semanas a fala de um empresário que ameaçou demitir seus funcionários caso votassem no senador. Da votação neste domingo até a decisão final dos colombianos em junho, o cenário político no país seguirá conturbado.
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Primeira parada da China em viagem pelo Pacífico Sul, Ilhas Salomão reafirmam parceria com Pequim
Segundo especialistas chineses, Ilhas Salomão mostraram grande coragem em fortalecer os laços com a China apesar da crescente pressão dos EUA e da Austrália.

© AFP 2022 / STR
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EUA e aliados podem iniciar ações unilaterais contra Coreia do Norte, diz enviado
Na quinta-feira (26), o Conselho de Segurança da ONU falhou em chegar a um consenso sobre a imposição de novas sanções contra a Coreia do Norte.

© AFP 2022 / JOHN MINCHILLO
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Líderes ucranianos fazem declarações contraditórias, não se entende o que Kiev quer, diz Peskov
O porta-voz presidencial russo, Dmitry Peskov, afirmou que os líderes ucranianos fazem declarações contraditórias, o que torna impossível entender o que Kiev quer.

© Sputnik / Kirill Kalinnikov
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Lavrov: situação da russofobia ocidental sem precedentes durará muito tempo
A situação da russofobia ocidental sem precedentes durará muito tempo, acredita o chefe da diplomacia russo, Sergei Lavrov.

© AP Photo / Serviço de imprensa do Ministério das Relações Exteriores da Rússia
De acordo com o diplomata, “o Ocidente declarou a nós, a todo o mundo russo, uma guerra total. Ninguém já esconde isso, chega ao absurdo, até a cultura de cancelamento da Rússia e de tudo o que está ligado ao nosso país. Clássicos estão sendo banidos: Tchaikovsky, Dostoiévski, Tolstói e Pushkin. Personalidades da cultura e arte do país que representam hoje a nossa cultura estão sendo perseguidas”, afirmou o chanceler nesta sexta-feira (27).
Mundo
Terremoto de 7,2 graus atinge o Peru e é sentido no Brasil
O terremoto foi registrado às 7h02, com epicentro na cidade de Ayaviri. Os tremores foram no Brasil, na região de Porto Velho em Rondônia, no Chile, no Equador e em Sucre, a capital da Bolívia

(Reprodução/usgs)
Um terremoto de 7,2 graus de magnitude atingiu o Peru, nesta quinta-feira, 26. Segundo informações do Serviço Geológico dos Estados Unidos, o temor ocorreu a uma profundidade de 212 km.
Segundo Instituto Nacional de Defesa Civil (Indeci), até o momento, não há relatos de danos ou vítimas. O terremoto foi registrado às 7h02, com epicentro na cidade de Ayaviri, próximo da fronteira com a Bolívia de Puno. Tremores foram sentidos no Brasil, na região de Porto Velho em Rondônia, no Chile, no Equador e em Sucre, a capital da Bolívia.
Segundo o Sismológico Nacional do Instituto Geofísico do Peru (IGP), o terremoto teve uma intensidade de 6,9 e alcançou uma profundidade de 240 quilômetros. Já o Centro Sismológico Mediterrâneo Europeu (EMSC) classificou o terremoto em magnitude 7 e o Instituto Geofísico do Equador reportou um tremor de magnitude 7,9 em Puerto Acosta, na Bolívia.
Autoridades peruanas anunciaram que devido à grande profundidade em que se produziu, o terremoto foi sentido nas regiões de Tacna (fronteira com Chile), Moquegua, Cusco e Arequipa.
Um #terremoto de magnitude 6,9 foi registrado nesta quinta-feira no #Peru, na região de Puno, na fronteira com a Bolívia. Ainda não há relatos de vítimas ou danos materiais devido à grande profundidade de seu epicentro. pic.twitter.com/YHleHqqqq0
— Davi (@ivabdavi) May 26, 2022
Em entrevista à rádio RPP, o diretor do IGP, Hernando Tavera, disse que devido a intensidade a população poderia se assustar. “Até agora, devido ao nível de intensidade na superfície trêmula, não deve causar nenhum tipo de dano, mas sim um susto”, explicou. O Sistema de Alerta de Tsunami dos EUA disse que não havia alerta de tsunami.
O Peru fica localizado em uma área chamada Círculo de Fogo do Pacífico, onde cerca de 85% das atividades sísmicas do mundo são registradas.
Tremores sentidos em Porto Velho
Prédios públicos precisaram ser evacuados em Porto Velho, em Rondônia, após o terremoto que atingiu a região do Peru e Bolívia ser sentido na região. Segundo o Corpo de Bombeiros, o abalo sísmico atingiu o prédio do Tribunal de Justiça, Ministério Público de Rondônia, Assembleia Legislativa e o Centro Político-Administrativo do Governo de Rondônia. Segundo autoridades locais, não houve danos ou comprometimento das estruturas.