Juíza na Argentina decidiu que tanto o pai biológico quanto o pai adotivo têm o direito de serem legalmente reconhecidos como pais de um menino de 3 anos que perdeu a mãe.
Em 2019, uma mulher de Salta, no norte da Argentina, teve um bebê junto com seu companheiro, com quem morava há um ano.
Alguns meses depois, sem avisar o namorado, ela entrou em contato com um ex-parceiro para dizer que acreditava que o filho era dele. Um teste de DNA confirmou que este homem era o verdadeiro pai biológico.
Pouco depois dessa revelação, a mulher morreu e o ex-parceiro compareceu ao tribunal para pedir que fosse reconhecido como o verdadeiro pai da criança.
O que poderia ter terminado como uma experiência dramática acabou se revelando uma história comovente na Argentina.
E, observando o protocolo legal, ela também decidiu anexar à sentença a carta que ela própria escreveu para P. ler quando crescer.
“Estou escrevendo para você porque você tem o direito de saber o que decidi e por que fiz isso”, explica ela ao menor.
“Aos juízes, cabe tomar decisões difíceis, mas seu caso foi muito simples, porque o que sobrou foi o amor de seus pais por você”, diz ela na mensagem.
A juíza citou a saga de Harry Poter em sua mensagem — Foto: Getty Images/BBC
Ela faz referência à falecida mãe do garoto, com uma citação de J.K. Rowling: “Sobre sua mãe, que infelizmente não está mais conosco, quero deixar a frase que Albus Dumbledore disse ao pequeno Harry Potter”.
“Um amor tão poderoso como o que sua mãe teve por você é algo que deixa marcas. Não uma cicatriz, ou qualquer outro sinal visível… ter sido amado tão profundamente, mesmo que aquela pessoa que nos amou não esteja aqui, fornece proteção que dura para sempre.”
“Além de sua mãe, você tem dois pais. Como isso pode ser possível? Também por amor. Ambos te amam igualmente e são seus pais.”
“Às vezes, você tem que decidir entre o pai biológico ou o pai socioafetivo. Nesse caso, eu não tinha nada para decidir, porque eles tinham certeza da importância que o outro tinha na sua vida.”
“Por isso, a única coisa que fiz, P., foi reconhecer o direito que você tem de ter dois pais que te criem, cuidem de você. Porque, no fundo, a única coisa que importa é multiplicar o amor”, concluiu.
“Espero que você esteja muito feliz e sempre orgulhoso de sua mãe e dos pais que a vida lhe deu.”