Testes serão feitos em pacientes do Hospital Regional da Asa Norte. Terapia foi desenvolvida por pesquisadores da UnB.
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) começou a testar, nesta segunda-feira (15), um tratamento que utiliza o plasma sanguíneo de pessoas curadas do novo coronavírus para ajudar na recuperação de pacientes ainda infectados.
A nova terapia, desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB), vai aplicar anticorpos de curados em pessoas internadas no Hospital Regional da Asa Norte (Hran). O procedimento será realizado pelas equipes do banco de sangue da unidade.
De acordo com Paulo Feitosa, chefe da Unidade de Pneumologia do Hran e colaborador da pesquisa, a aplicação do plasma com anticorpos é semelhante a uma transfusão de sangue.“É um procedimento simples, de baixo risco, e com vários estudos embasados neste campo.
Mesmo assim, cada paciente que se propuser a receber a transfusão de plasma assinará um termo de consentimento que será entregue na hora do procedimento”, destaca Paulo.
A meta inicial da Secretaria de Saúde é conseguir realizar a aplicação do plasma em pelo menos 200 pacientes, exceto nos que estão internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Responsável pelo estudo científico, o médico e professor da Faculdade de Medicina da UnB André Moraes Nicola explica que o tratamento pode desafogar o sistema de saúde do DF.
“A hipótese do nosso estudo é que, dando certo, haverá diminuição do número de casos que se agravam, diminuindo uma evolução para estado grave e reduzindo a necessidade de internação na UTI.”
Como funciona o tratamento?
O estudo usa, por meio do plasma sanguíneo, os anticorpos de pacientes que já tiveram o coronavírus. Assim, esse material retirado dos pacientes recuperados será aplicado nos internados com risco de agravamento. Esse tipo de técnica de transferir anticorpos de pessoas curadas para doentes é chamada de transferência passiva de imunidade.
A Secretaria de Saúde destaca que o paciente internado por Covid-19 só receberá o tratamento com plasma se houver consentimento dele ou da família. Esse tipo de terapia já foi usado em outras epidemias, como as do H1N1, em 2009, e da síndrome aguda respiratória, a SARS, em 2003.
No entanto, os cientistas ainda estudam a eficiência dela contra a Covid-19. Na China, a técnica deu resultado em um pequeno grupo de pacientes. Os Estados Unidos estão testando o uso, assim como o Brasil.
Na UnB, a pesquisa é feita em parceria com o Laboratório Central da Secretaria de Saúde (Lacen) e de hospitais da rede pública do DF.
Quem pode participar da pesquisa?
Para poder participar da pesquisa, como doador de plasma, a pessoa curada precisa atender as seguintes condições:
Ter entre 18 e 60 anos de idade;
Pesar no mínimo 60kg;
Se mulher, não ter histórico de gestações;
Ter diagnóstico laboratorial confirmado de infecção por SARS-Cov-2;
Estar sem sintomas de Covid-19 há pelo menos 15 dias;
Não ter tido manifestações graves em função da Covid-19 (choque séptico, parada cardíaca e/ou entubação traqueal/respiratória).
O cadastro deve ser feito no site do Hemocentro. Após o cadastro, a equipe de pesquisa vai agendar uma entrevista para esclarecer dúvidas, formalizar o consentimento do voluntário, realizar triagem clínica e colher amostras de sangue para exames.