A flora vaginal é composta por milhões de microrganismos que vivem em equilíbrio, protegendo a vagina, vulva e órgãos próximos como o útero, trompas e até a bexiga. Este sistema de defesa natural previne o crescimento de agentes infecciosos nessas áreas.
A principal defesa dessas bactérias benéficas é a acidez vaginal. Um pH ácido impede a proliferação de invasores. Os bacilos de Döderlein, presentes nas paredes vaginais, mantêm este equilíbrio ao transformar glicose em ácido lático.
No entanto, fatores como alterações hormonais, uso de antibióticos, anticoncepcionais, atividade sexual e gravidez podem desequilibrar a flora vaginal.
Renata Lamego, ginecologista do Hospital Israelita Albert Einstein, explica que a flora vaginal normal possui vários tipos de microrganismos que coexistem em harmonia, garantindo a saúde íntima.
O corpo geralmente reconstrói este equilíbrio sozinho, mas doenças que comprometem o sistema imunológico, como lúpus, diabetes e insuficiência renal podem causar disbiose, um desequilíbrio que pode levar a sintomas incômodos, inclusive afetar a fertilidade e aumentar riscos de aborto.
Sintomas como ardor, coceira, odor desagradável e alteração na secreção vaginal são sinais de alerta. A secreção clara é o ideal; mudança na cor, cheiro ou consistência indica a necessidade de avaliação médica, segundo o ginecologista Luiz Brito da Unicamp.
Cuidar da flora vaginal é essencial para a saúde da mulher. A seguir, dicas práticas para proteger sua flora íntima:
- Use calcinhas de algodão: Tecidos naturais permitem melhor ventilação, evitando umidade e calor que favorecem infecções. Dormir sem calcinha pode ajudar a arejar a região.
- Evite absorventes diários: Seu uso contínuo causa abafamento e desequilíbrio da flora. Troque sua calcinha se necessário durante o dia para controlar secreções.
- Prefira roupas leves e evite tecidos sintéticos: Calças apertadas e jeans dificultam a transpiração e favorecem o crescimento de microrganismos.
- Higienize-se corretamente após evacuar: Limpe de frente para trás para evitar contaminação da vagina com bactérias intestinais. Lavar a região com água é recomendado.
- Mantenha a troca frequente de absorventes menstruais: Troque no máximo a cada quatro horas para evitar um ambiente úmido que favoreça infecções. Evite absorventes perfumados para reduzir alergias.
- Use sabonetes neutros e suaves para higiene íntima: Produtos com muitos perfumes podem irritar. Observe como seu corpo reage aos sabonetes íntimos e use com moderação.
- Lave as calcinhas corretamente: Utilize sabão neutro, evite amaciantes e deixe secar ao sol ou em local ventilado. Passar ferro quente ajuda a eliminar microrganismos.
- Cuidado na depilação íntima: Retirar muitos pelos enfraquece a barreira de proteção natural, facilitando infecções. Escolha locais confiáveis e materiais esterilizados.
- Evite duchas íntimas: Elas alteram o pH vaginal e eliminam bactérias benéficas, prejudicando o equilíbrio da flora. A vagina tem autolimpeza eficaz, portanto, água e sabonete suave são suficientes.
Seguir esses cuidados ajuda a manter a saúde íntima e prevenir infecções, promovendo bem-estar em todas as fases da vida feminina.