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segunda-feira, 10/11/2025




77% dos brasileiros acham o país muito desigual, só 2% discordam

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Em Brasília

LEONARDO VIECELI
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)

Uma pesquisa recente mostrou que 77% dos brasileiros percebem que o Brasil tem muita desigualdade, enquanto apenas 2% acreditam que não existe essa disparidade.

Os motivos mais comentados para essa desigualdade foram a falta de políticas públicas eficazes (24%) e a má gestão do governo (18%). Outros fatores citados foram corrupção (12%), desemprego e desvalorização do trabalho (10%), discriminação (9%) e problemas sociais como falta de união e respeito (9%). Apenas 7% acreditam que uma má distribuição de renda é o principal problema.

A pesquisa revela que a percepção da desigualdade é maior entre mulheres (82%), pessoas das classes sociais C (78%) e D/E (77%), aqueles com ensino fundamental completo ou incompleto (79%) e pessoas mais velhas (81% para idades entre 45 a 59 anos e 80% para 60 anos ou mais).

O estudo, chamado “Percepções sobre as desigualdades no Brasil”, foi realizado com o apoio da empresa Plano CDE e do Datafolha, publicado pelo Observatório Fundação Itaú.

De acordo com Eduardo Saron, presidente da Fundação Itaú, a população entende que a desigualdade é um grande desafio, e que a educação e o trabalho são essenciais para superá-la.

Ele ressalta que todos precisam agir juntos — governos, empresas e cidadãos — para alcançar resultados reais. “Cada um deve cumprir seu papel, sem deixar para os outros. Governos precisam garantir políticas públicas que funcionem mesmo quando mudam de administração”, afirma Saron.

Ele também comenta que as empresas podem ir além do lucro e investir em inclusão, diversidade, inovação social e ações que valorizem a cultura e a comunidade onde atuam.

A participação de cada indivíduo é fundamental para cobrar direitos, exigir transparência e colaborar com iniciativas locais.

O estudo analisa as causas das desigualdades em aspectos culturais, estruturais e históricos. Culturalmente, 76% concordam que a impunidade na corrupção ajuda a manter a desigualdade.

Sobre aspectos estruturais, 70% acreditam que as leis favorecem os ricos e que a economia beneficia poucos em detrimento da maioria.

No lado histórico, 47% concordam que as desigualdades raciais têm relação com o passado do Brasil, e 44% reconhecem que pessoas negras hoje têm menos oportunidades devido à escravidão, embora esses números sejam menores que os das outras causas.

A pesquisa também mostra que a maioria dos brasileiros acredita que pessoas brancas têm mais oportunidades e acesso a serviços do que pessoas negras, destacando mercado de trabalho (68%), boas escolas (63%) e bairros com melhor infraestrutura (60%).

Além disso, 55% acham que os homens têm mais chances de conseguir empregos bem pagos comparados às mulheres.

Para 79% dos entrevistados, investir na educação pública é crucial para diminuir a desigualdade de renda, e 59% concordam que a falta de investimento na educação perpetua a pobreza entre gerações.

A pesquisa teve duas fases: uma qualitativa, com 150 pessoas em cinco capitais, feita entre agosto e setembro de 2024, e outra quantitativa, com 2.787 pessoas em todo o país, realizada em junho de 2025, com margem de erro de 2 pontos percentuais e confiabilidade de 95%.

O levantamento indica que 6 em cada 10 brasileiros começaram a trabalhar antes dos 18 anos. Apesar de 62% acreditarem que trabalhar cedo ajudou na carreira, 34% sentem que os estudos foram prejudicados, sendo maior esse percentual nas classes D/E (51%) do que nas classes A (13%).




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