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quinta-feira, 21/11/2024
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75% da população de Santarém, no Pará, está contaminada por mercúrio do garimpo

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O consumo de pescados contaminados pelo garimpo ilegal é apontado como a origem dos altos índices de mercúrio no sangue da população de cerca de 306 mil habitantes do município de Santarém, no Pará.

© Folhapress / Lalo de Almeida
Uma pesquisa inédita indica que, mesmo a cerca de 300 km da mineração ilícita no rio Tapajós, mais da metade dos moradores da zona urbana de Santarém apresenta níveis de contaminação por mercúrio até quatro vezes superiores ao limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
As informações foram publicadas em um artigo no International Journal of Environmental Research and Public Health.
O estudo, realizado pela Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) em parceria com a Fiocruz e o WWF, coletou o sangue de 462 pessoas entre 2015 e 2019.
Após análise, os cientistas concluíram que todos os participantes da pesquisa apresentavam níveis elevados de mercúrio, sendo que 75,6% deles concentravam o metal acima do limite de 10 microgramas por litro recomendado pela OMS.
Dos participantes do estudo, 203 são moradores da área urbana de Santarém e 259 vivem em oito comunidades ribeirinhas do município paraense, sete delas localizadas nas margens do rio Tapajós e uma nas margens do rio Amazonas.
Entre a população ribeirinha, a alta exposição ao mercúrio, usado na separação de ouro pelos garimpos ilegais, chega a mais de 90%.

Garimpeiros do Pará

Apesar da atividade de extração de ouro ser ilegal e configurar crime ambiental, é comum que balsas clandestinas avancem pelas águas do rio Madeira, no estado do Amazonas.
Nesse processo de mineração, as embarcações revolvem o fundo do rio, sugam o material para filtrar o ouro e devolvem a água em seguida.
Essas operações geram extremo dano ambiental, porque acabam com todo tipo de alimento de centenas de espécies de peixes, comprometem a qualidade da água e geram assoreamento.
Além da prática de mineração ilegal, o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) acredita que devem haver outras possíveis ilegalidades que devem ser investigadas, tais como: mão de obra escrava, tráfico, contrabando e problemas com a capitania dos portos.
Em novembro do ano passado, houve uma mobilização no rio Madeira, após promessas de que teria sido encontrado um grande volume de ouro no local. Em situações comuns, essas balsas se mobilizam de forma independente. Dessa vez, porém, mais de 600 se dirigiram para a região.

Perigo do mercúrio

O mercúrio é um metal pesado tóxico, frequentemente associado a danos nos tecidos e deficiências na saúde mental, além de alterações comportamentais, imunológicas, hormonais e reprodutivas.
Alterações nos rins e nos fígados foram registradas entre os participantes santarenos, sendo que marcadores mais altos foram registrados segundo a concentração de mercúrio.
Em Santarém, estão aparecendo cada vez mais pacientes que trabalham em garimpo ou que sofrem diretamente as consequências do uso do mercúrio na atividade, apresentando sintomas neurológicos, digestivos, psiquiátricos e respiratórios.
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