ANA PAULA BRANCO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O ex-chefe do INSS, Alessandro Stefanutto, foi detido pela Polícia Federal na manhã de quinta-feira (13), durante uma nova etapa da Operação Sem Desconto. Essa ação investiga um esquema que cobrava descontos não autorizados em aposentadorias e pensões.
A defesa de Stefanutto afirma que ele não teve acesso à decisão que ordenou sua prisão e considera a detenção ilegal, pois ele não atrapalhou as investigações e colaborou desde o começo.
Stefanutto, que trabalha na Advocacia Geral da União, assumiu o INSS em julho de 2023 e foi afastado em abril de 2025, logo após as fraudes serem descobertas.
6 MOTIVOS QUE LEVARAM À PRISÃO DE STEFANUTTO
- ESQUEMA BILIONÁRIO DE DESCONTOS ILEGAIS
A operação investiga um esquema que teria retirado R$ 6,3 bilhões de aposentados entre 2019 e 2024 sem autorização. O golpe envolvia descontos feitos por associações fantasmas.
Durante a gestão de Stefanutto, o INSS prometeu melhorar o controle desses descontos, mas não conseguiu implementar as mudanças antes de seu afastamento.
Uma auditoria mostrou que muitas dessas entidades não tinham capacidade real para oferecer os serviços alegados.
O INSS, sob sua liderança, não bloqueou nem suspendeu repasses a associações suspeitas, o que permitiu a continuidade da fraude. A polícia federal investiga se houve omissão na alta administração. - FALHAS NO CONTROLE INTERNO DO INSS
Investigadores descobriram que dados falsos foram inseridos para permitir descontos indevidos, formando uma rede de corrupção bem organizada.
Stefanutto é acusado de manter pessoas ligadas ao esquema em cargos estratégicos, mesmo depois de denúncias.
Ele nega envolvimento direto, mas investigadores acreditam que manter esses servidores pode indicar conivência. - TENTATIVA DE INTERFERIR NAS INVESTIGAÇÕES
A prisão foi autorizada pelo ministro do STF, André Mendonça, após pedido da Polícia Federal e da Procuradoria-Geral.
Mandados de prisão e busca ocorreram simultaneamente.
Há indícios de que Stefanutto tentou atrapalhar a coleta de provas e substituir servidores que colaboravam com a investigação.
E-mails mostrariam que ele questionou a suspensão das associações investigadas para não afetar a folha de pagamento. - MOVIMENTAÇÕES FINANCEIRAS SUSPEITAS
Em seu depoimento na CPI do INSS, Stefanutto foi questionado sobre transações bancárias de R$ 280 mil, explicadas por ele como transferências entre suas contas para pagar um financiamento.
A Polícia Federal encontrou incoerências e busca esclarecer a origem desse dinheiro e possíveis ligações com empresas ligadas ao esquema. - RELACIONAMENTO COM DIRIGENTES DE ASSOCIAÇÕES
A CPMI do INSS autorizou a quebra de sigilos de Stefanutto para rastrear comunicações e movimentações financeiras.
Mensagens em celulares apreendidos o mencionam como “amigo do sistema”.
Ele nega conhecer envolvidos e diz nunca ter intermediado liberação de descontos. - CONFRONTO NA CPMI COM PARLAMENTARES
Stefanutto teve um momento tenso na CPMI, quando foi acusado pelo relator, deputado Alfredo Gaspar, de ser o responsável maior pelo esquema de fraude.
Ele rebateu as acusações, falando que está sendo usado como bode expiatório político.
Foi pedido sua prisão em flagrante por desacato, mas o pedido foi negado pelo presidente da comissão, senador Carlos Viana.

