Mais de seis mil profissionais que atuam na assistência social do Distrito Federal estão com salários atrasados há pelo menos três meses. Essa situação crítica afeta diretamente o atendimento oferecido à população e a vida desses trabalhadores, que enfrentam dificuldades para comprar alimentos e pagar contas básicas.
Clemilson Correia, vice-presidente do Sindicato dos Empregados em Instituições Beneficentes, Religiosas e Filantrópicas do DF, explica que o problema acontece porque as organizações sociais responsáveis pelos serviços não recebem os recursos financeiros do governo estadual no prazo correto.
Atualmente, 61 entidades parceiras estão operando sem receber os fundos acordados, prejudicando cerca de 2.600 funcionários que ainda não receberam o salário referente a outubro, o 13º salário e agora passam pelo atraso do pagamento de dezembro. No total, aproximadamente 6 mil profissionais são afetados.
Segundo o sindicato, a categoria já realizou diversas reuniões com a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes-DF) e outros órgãos, mas nenhuma solução efetiva foi alcançada até o momento. O governo teria direcionado os recursos previstos para outras despesas, o que compromete o pagamento dos trabalhadores.
Consequências para os serviços e profissionais
A rede de assistência social do DF inclui abrigos, centros de convivência, unidades de reabilitação, serviços para pessoas com deficiência e atendimentos básicos e especiais. A falta de repasse financeiro interfere diretamente no funcionamento dessas unidades, prejudicando os usuários que dependem desses serviços.
Além disso, muitos trabalhadores enfrentam graves dificuldades financeiras, incluindo problemas para adquirir alimentos e até ações de cobrança judicial. Segundo Clemilson, o atraso nos pagamentos impede que os profissionais cumpram suas obrigações, o que não é por falta de vontade.
Instituições enfrentam crise financeira
Diversas instituições já estão no limite financeiro, algumas recorrendo a empréstimos bancários para continuar pagando funcionários e fornecedores, algo que não está disponível para todas. Conforme relatado pelo sindicato, 90% dessas entidades não conseguem honrar as dívidas contraídas.
O orçamento para 2026 já preocupa, pois garante recursos apenas até agosto, deixando a possibilidade de novos atrasos no futuro próximo.
Clemilson destaca que, embora a Secretaria de Desenvolvimento Social tenha enviado toda a documentação necessária, a decisão final depende do governador do Distrito Federal, que precisa autorizar o envio dos projetos de lei para a Câmara Legislativa para regularizar os repasses.
Se a aprovação dos recursos não ocorrer ainda este ano, a dívida será adiada para 2026, aumentando o impacto negativo para instituições e trabalhadores. O sindicato solicita que o governo priorize a liberação dos pagamentos imediatamente após a aprovação dos projetos, a fim de minimizar os prejuízos.
Em busca de uma solução
A Secretaria de Desenvolvimento Social informou que os investimentos na assistência social foram triplicados nos últimos anos, com expansão das vagas de acolhimento para grupos vulneráveis. A pasta também ressaltou que já realizou alguns pagamentos de outubro e que continua a trabalhar pela aprovação de créditos suplementares na Câmara Legislativa, para regularizar as pendências o mais rápido possível.

