Divulgada nesta segunda-feira (25/8), a nova pesquisa da Genial/Quaest mostra que 55% dos brasileiros consideram adequada a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O levantamento, feito entre 13 e 17 de agosto com 2.004 pessoas maiores de 16 anos, tem um nível de confiança de 95% e margem de erro de dois pontos percentuais.
A pesquisa foi realizada aproximadamente uma semana antes de Bolsonaro ser incluído em um novo inquérito da Polícia Federal (PF) por coação no processo que investiga a tentativa de golpe de Estado em 2022.
Ao todo, 55% dos entrevistados consideram a prisão justa, enquanto 39% acham a medida injusta e cerca de 6% não souberam ou não responderam.
Por região, o Nordeste registra o maior percentual de pessoas que veem a prisão como justa (65%), seguido pelo Sudeste (54%), Centro-Oeste e Norte (48%) e Sul (47%), que possui a maior proporção de opiniões contrárias (49%).
Mulheres, jovens entre 16 e 34 anos, pessoas com ensino fundamental completo e renda até dois salários mínimos são os grupos que mais veem a prisão domiciliar como justa. Já homens, evangélicos, pessoas entre 35 e 59 anos, com ensino superior completo e renda acima de cinco salários mínimos são os que mais consideram a prisão injusta.
O posicionamento político influencia a percepção: apoiadores de Lula, pessoas de esquerda e aqueles sem alinhamento político claro são os que mais consideram a prisão justa.
Jair Bolsonaro está em prisão domiciliar desde 4 de agosto por desrespeitar medidas cautelares ao participar de uma videochamada durante uma manifestação contra o STF e a favor da anistia. Um trecho da fala de Bolsonaro foi divulgado pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, nas redes sociais, porém foi removido horas depois.
Desde 18 de julho, Bolsonaro utiliza tornozeleira eletrônica e está proibido de se manifestar nas redes sociais, medidas tomadas para evitar possível fuga, conforme determinação do ministro Alexandre de Moraes.
Sobre a participação de Bolsonaro na videochamada, 57% dos brasileiros acreditam que ele quis provocar Alexandre de Moraes deliberadamente, enquanto 30% acham que Bolsonaro não entendeu bem as regras e errou. Cerca de 13% não responderam.
No último dia 20, a PF indiciou Bolsonaro e seu filho Eduardo Bolsonaro (PL-RJ) pelos crimes de coação no processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, por meio da restrição ao exercício dos poderes constitucionais. Segundo a PF, as ações visavam atacar instituições como o STF e o Congresso Nacional. O relatório da investigação destacou que o apoio financeiro de Bolsonaro ajudou o filho a manter as ofensivas contra o ministro Alexandre de Moraes, especialmente nos Estados Unidos.
A PF também encontrou um rascunho de pedido de asilo político à Argentina no celular do ex-presidente. A Procuradoria-Geral da República (PGR) deve se manifestar sobre os esclarecimentos da defesa até esta segunda-feira (25/8).
Este é o quarto indiciamento contra Bolsonaro pela PF. O novo indiciamento ocorre antes do julgamento da suposta trama golpista, que será analisado pela Primeira Turma do STF a partir de 2 de setembro.