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quinta-feira, 16/10/2025

5 dos 10 principais produtos afetados por tarifa dos EUA redirecionam exportações

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MAELI PRADO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Entre os 10 produtos mais exportados para os Estados Unidos em setembro, seis enfrentaram queda nas vendas devido às tarifas impostas, mas cinco deles conseguiram compensar total ou parcialmente essa perda direcionando suas exportações para outros países.

Essa análise é da economista Lia Valls, pesquisadora do FGV/Ibre e professora da Uerj, que destaca a resiliência das exportações brasileiras diante do impacto das tarifas.

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), a compensação ocorreu por meio do aumento das vendas para outros mercados ou por uma redução menor em comparação com a queda nas vendas para os EUA.

Por exemplo, as exportações de produtos semimanufaturados de ferro ou aço diminuíram 7,7% para os EUA, mas caíram apenas 5,2% para o resto do mundo no mesmo período, com países como México e Polônia se tornando novos compradores importantes.

Em outros casos, o redirecionamento é mais evidente: as exportações de carnes bovinas desossadas e preparações alimentícias de bovinos tiveram quedas significativas para os EUA, mas registraram aumentos para outros mercados, incluindo China e México, compensando as perdas.

Lia Valls afirma que, além da China, a alta nas vendas ocorreu para vários países da América Latina e Ásia, mostrando que, no conjunto, as tarifas dos EUA foram compensadas pelas exportações para outras regiões.

O café não torrado também seguiu essa tendência, com queda nas vendas para os EUA e aumento das exportações para países como Alemanha e Turquia.

Outros produtos, como o sebo bovino, com queda nas vendas para os Estados Unidos, apresentaram crescimento expressivo em exportações para países como a África do Sul.

No total, esses cinco produtos sofreram uma redução de quase US$ 128 milhões nas vendas para os EUA, mas tiveram um aumento de mais de US$ 808 milhões nas exportações para o restante do mundo em setembro, comparado ao ano anterior.

Lia Valls ressalta que exportadores que atuam em vários mercados, especialmente empresas multinacionais, estão conseguindo desviar suas vendas para outros países, reduzindo os impactos das tarifas.

Ela lembra, entretanto, que setores altamente dependentes do mercado americano, como manufaturados específicos, enfrentam maiores dificuldades, pois podem exigir adaptações técnicas para exportar para outros mercados.

O crescimento global da economia, que surpreendeu positivamente, também ajudou as exportações brasileiras, segundo dados da Organização Mundial do Comércio, que apontam um aumento de 4,9% no comércio mundial no primeiro semestre de 2025.

Apesar do redirecionamento ajudar, Lia Valls alerta que o mercado americano continua sendo muito importante para o Brasil, como segundo maior destino das exportações brasileiras e maior importador mundial.

Por fim, a economista destaca que negociações bilaterais sobre as tarifas entre Brasil e EUA podem alterar esse cenário, com reunião marcada entre representações dos dois países para tratar do assunto.

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