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segunda-feira, 01/12/2025

35% das empresas conhecidas com o novo consignado CLT têm inadimplência

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MAELI PRADO E JÚLIA MOURA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Das empresas que conhecem o novo crédito consignado para trabalhadores do setor privado, 35% registraram casos de atraso no pagamento desde março, quando essa nova forma de empréstimo foi lançada.

Um estudo da Serasa Experian com 550 empresas mostra que 46% delas ainda não conhecem bem ou não sabem como funciona o consignado CLT.

Dos casos de atraso relatados, 65% são causados por erros do sistema ou problemas operacionais, como atrasos na comunicação entre o departamento de recursos humanos e o banco (30%), falhas de integração entre sistemas do governo (22%) e problemas no desconto em folha (13%).

Apenas 33% dos atrasos são porque o funcionário não pagou. Os outros 2% das empresas não sabem a causa da inadimplência.

Segundo Délber Lage, CEO da SalaryFits, empresa da Serasa Experian, “quando falamos de inadimplência, pensamos na falta de dinheiro, mas no consignado privado, a maior parte dos atrasos é por falhas nos sistemas ou nos processos.”

Délber Lage explica que o consignado privado é algo novo para muitas empresas, por isso 28,2% delas dizem que conhecem o básico e apenas 25,8% conhecem bem essa modalidade.

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) disse que não há problemas sistêmicos que impeçam os pagamentos e que está melhorando o programa, incluindo maior detalhamento das informações, possibilidade de pagamento atrasado e fiscalização das empresas.

O MTE também informou que em 2026 será possível transferir automaticamente a dívida quando o trabalhador trocar de emprego, hoje essa mudança precisa da aprovação do banco e do trabalhador.

A pesquisa indica que a inadimplência é maior em empresas médias (43,8%), enquanto pequenas têm 28,6% e grandes 24,3%.

Por setor, a indústria (38,6%) e o comércio varejista (48%) concentram os maiores índices de atraso. “A inadimplência está em empresas que mais usam esse tipo de crédito”, comenta Délber Lage.

Dados do Banco Central em outubro mostram que a inadimplência geral do consignado privado é 5%, um pouco maior que os 4,5% do crédito pessoal.

No consignado novo, o atraso é maior: dados de agosto da Dataprev mostram que mais de 15% das operações estão atrasadas. Dos 2,1 milhões de contratos, 84,19% das primeiras parcelas foram pagas até agosto.

Lançado em 21 de março pelo Ministério do Trabalho e Emprego, o Crédito do Trabalhador ampliou o acesso ao consignado privado a todos os trabalhadores, antes restrito a funcionários de grandes empresas que têm convênios com grandes bancos.

Agora os trabalhadores podem fazer o empréstimo direto com bancos pelo aplicativo da Carteira de Trabalho digital, aumentando a competição e a entrada de bancos menores.

Esperava-se que os juros do consignado caíssem, mas isso não aconteceu.

Em outubro, as taxas de juros do consignado privado estão em 59% ao ano, acima dos 40,9% em fevereiro, antes do lançamento do novo produto. O crédito pessoal em geral tem juros de 49,4% ao ano.

Délber Lage comenta: “Os desafios operacionais resultaram em juros mais altos e mais trabalho para os departamentos de Recursos Humanos.”

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