A concorrência deverá ser significativa. Na última seleção, lançada em 2010, quase 50 mil candidatos se inscreveram a apenas 80 vagas. Ou seja, a concorrência média geral foi de nada menos que 615 candidatos por oportunidade oferecida. A Agência anunciou que, além da avaliação escrita, o concurso contará com investigação social, avaliação médica e psicológica, prova de capacidade física (para alguns cargos) e aprovação no Curso de Formação em Inteligência (CFI). E, se o novo certame seguir a mesma estrutura do anterior, haverá exames objetivos e discursivos para cargos de níveis médio e superior.
Quanto à banca, há grandes chances de que a Abin opte novamente pelo Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe), que organizou todas as seleções da agência, em 2004, 2008 e 2010. Mas é bom também exercitar questões da Fundação Carlos Chagas, visto que a organizadora foi escolhida recentemente para aplicar avaliação de concursos grandes, como o da Câmara Legislativa do Distrito Federal e o do Tribunal Superior do Trabalho.
Segundo Estevam de Freitas, professor de legislação de inteligência para o concurso da Abin há 18 anos, quem almeja a aprovação precisa correr com os estudos já. “Acho que a prova deve ser aplicada daqui a uns nove meses. Isso não é muito tempo”, nota.
Freitas lembra que a autorização de vagas foi aquém do esperado. Foram solicitadas pela Abin mais de 700 posições ao Ministério do Planejamento. “Quem quer passar tem que se dedicar especialmente aos conteúdos de geografia e legislação de inteligência, principalmente para o cargo de oficial. Baseando-se no último concurso, organizado pelo Cebraspe, foram 12 normas ligadas à legislação de inteligência. Apesar disso, o candidato não deve deixar as matérias de língua portuguesa, direito administrativo e penal de lado, que são matérias mais básicas de todos os concursos”.
Vocação
O que chama a atenção no concurso da Abin é a carreira. Serviço secreto, investigação, combate ao terrorismo, à espionagem, à sabotagem e a ameaças ao território nacional. Parece até roteiro de filme de ação! Devido ao caráter sigiloso de suas atividades, a Abin, que tem sede em Brasília e superintendência em todas as capitais brasileiras, não é aberta a visitas. Nem sequer o nome dos candidatos inscritos nas seleções é de domínio público.
Não pense, porém, que, se entrar para o órgão, você vai aprender artes marciais ou receber mensagens que se autodestróem em poucos segundos. O que os funcionários da Abin fazem com maior frequência são relatórios. Eles são necessários para fornecer ao presidente da República e a ministros informações e análises estratégicas necessárias ao processo de decisão. Tudo segue os preceitos da legislação brasileira.
Por isso é necessário que os profissionais da agência atendam a requisitos comuns a um profissional de inteligência: ter objetividade, imparcialidade, disciplina, sociabilidade, capacidade de adaptação, lealdade, discrição e mobilidade. Entre outras atividades, ele pode trabalhar com áreas prioritárias para a Abin, como a segurança das fronteiras, migrações, meio ambiente, lavagem de dinheiro e a não proliferação de armas de destruição em massa.
Segundo a Abin, o profissional de Inteligência poderá atuar em diversas áreas da Agência. Após ingressar, a lotação do servidor é feita com base em critérios que levam em conta a colocação no concurso público, as competências técnicas, as habilidades profissionais e as aptidões pessoais. Oficiais e agentes de Inteligência vão a campo para buscar dados não disponíveis em fontes comuns de informação. Questões geopolíticas, ameaças terroristas, espionagem estrangeira e avaliações de risco são temas do cotidiano desses profissionais. Já os oficiais e agentes técnicos ficam com a parte administrativa da Agência e o apoio às ações de inteligência.