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terça-feira, 16/12/2025

28 milhões de toneladas de lixo são descartadas incorretamente no Brasil

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Cada material descartado nas casas brasileiras, como papel, plástico, vidro, restos de comida e outros, é tecnicamente classificado como Resíduos Sólidos Urbanos (RSU). Em 2024, o Brasil gerou 81,6 milhões de toneladas desses resíduos, o que representa uma média de 384 kg por pessoa ao longo do ano.

Desse total, 93,7% foi coletado por serviços públicos ou informalmente, sendo que 41,4 milhões de toneladas (59,7%) foram levadas para aterros sanitários adequados e 7,7 milhões de toneladas (8,7%) encaminhadas para reciclagem.

Contudo, mais de 28 milhões de toneladas — 40,3% de todo o lixo produzido — acabaram em lixões, foram queimadas ou enterradas inadequadamente pelo país.

Esses dados são do relatório Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2025, elaborado pela Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema) e divulgado recentemente.

Apesar da situação ainda preocupante, houve ligeira melhora em comparação ao ano anterior, quando 41,5% do RSU foi destinado incorretamente.

Política Nacional de Resíduos Sólidos

A responsabilidade pela gestão correta dos resíduos, conforme a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) vigente há 15 anos, é dos municípios geradores, abranger desde a coleta e transporte até o tratamento e destino final.

Segundo as metas da PNRS, a partir de agosto de 2024, o Brasil não deveria mais ter aterros controlados, valas ou lixões expostos. Porém, a realidade ainda difere.

Pedro Maranhão, presidente da Abrema, destaca: “No ano em que o Brasil proibiu todas as formas de descarte irregular de resíduos coletados, estima-se que quase 3 mil lixões continuam operando, representando riscos ambientais e à saúde pública, mas que poderiam ser transformados em fontes econômicas para o país.”

O potencial econômico mencionado se reflete em outras informações do Panorama. A reciclagem de materiais secos como plásticos, metais, papéis e vidros avançou 0,4 ponto percentual, alcançando 7,1 milhões de toneladas, ou 8,7% do total gerado nacionalmente.

Dos resíduos reciclados, 4,6 milhões de toneladas (64,8%) foram coletadas por trabalhadores informais, sem vínculo com serviços oficiais, enquanto 2,5 milhões de toneladas partiram de centros de triagem ligados à coleta seletiva dos municípios.

Pedro Maranhão reforça: “Quase dois terços dos materiais reciclados são coletados por catadores autônomos e apenas um terço por serviços públicos regulares, evidenciando a relevância do trabalho informal para a reciclagem no Brasil e a necessidade de incluir esses profissionais nas políticas públicas.”

Reciclagem bioenergética

Outra oportunidade econômica ressaltada é a geração de energia. Pela primeira vez, o relatório apresenta dados sobre produção de combustível derivado de resíduos (CDR), biogás, biometano e compostagem, que fazem parte da chamada reciclagem bioenergética.

Considerando materiais orgânicos ou não, a reciclagem bioenergética corresponde a 11,7% do reaproveitamento para gerar energia renovável, um índice três pontos percentuais superior à reciclagem dos materiais secos.

O estudo aponta que, se a estrutura atual fosse melhor utilizada, o Brasil poderia suprir cerca de 5% da demanda nacional de gás natural com essa forma de energia.

Pedro Maranhão comenta: “Os números mostram grande potencial para aumentar a geração sustentável de energia. Cada aterro sanitário equivale a um poço de petróleo verde, com recursos praticamente inesgotáveis, considerado o combustível do futuro. O Brasil pode se tornar para energia renovável o que a Arábia Saudita é hoje para combustíveis fósseis.”

O Panorama destaca ainda iniciativas positivas no país. Um exemplo é o sistema de logística reversa das latas de alumínio para bebidas, implantado oficialmente em 2020.

Atualmente, esse material, que é 100% reciclável, apresenta taxa de reciclagem de 97,3% das latas comercializadas em 22 estados e no Distrito Federal, totalizando 418 mil toneladas de alumínio reaproveitado em 2024.

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