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terça-feira, 14/10/2025

11 milhões morrem por ano por doenças neurológicas, diz OMS

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GIULIA PERUZZO
FOLHAPRESS

Doenças que afetam o cérebro e os nervos, como o AVC (Acidente Vascular Cerebral), enxaqueca e Alzheimer, atingem atualmente 42% das pessoas no mundo, conforme um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado nesta terça-feira (14). Esse documento alerta para o aumento preocupante dessas doenças, que causam cerca de 11,8 milhões de mortes por ano.

De acordo com a OMS, os problemas neurológicos são a maior causa de doenças e incapacidades no mundo, medidos pelos anos de vida ajustados por incapacidade e anos perdidos de vida. Um estudo feito em 2021, chamado Carga Global de Doenças, mostrou que 37 tipos de doenças neurológicas causaram além de 11 milhões de mortes, 3,4 bilhões de casos e 435 milhões de anos de vida com incapacidade.

Entre essas 37 doenças, as 10 que mais causam mortes e incapacidades são: AVC, danos cerebrais em recém-nascidos, enxaqueca, Alzheimer e outras demências, neuropatia diabética, meningite, epilepsia idiopática, problemas ligados a nascimentos prematuros, transtorno do espectro autista (TEA) e cânceres no sistema nervoso.

Diogo Haddad, neurologista do Hospital Nove de Julho e coordenador do núcleo de Memória do Alta Diagnósticos, explica que o crescimento das doenças neurológicas acontece porque as pessoas estão vivendo mais. “Também estamos diagnosticando melhor e, como as doenças infecciosas estão mais controladas, as doenças crônicas ganham mais importância nas estatísticas.”

Ele destaca que fatores como pressão alta, diabetes, obesidade, falta de exercício, tabagismo, consumo exagerado de álcool e má alimentação podem aumentar o risco dessas doenças. Fatores ambientais, como poluição do ar e exposição a metais tóxicos, também influenciam o aumento dessas condições.

“Metade das pessoas com diabetes pode ter algum tipo de problema nos nervos, mostrando como as doenças crônicas afetam muito a saúde neurológica”, comenta. Sobre o autismo e problemas por nascimentos prematuros, Haddad comenta que faltam serviços especializados e uma estrutura adequada, dificultando diagnóstico e tratamento para crianças.

Apenas 53% dos países membros da OMS (102 de 194 nações) enviaram dados para o relatório, indicando a pouca atenção dada à neurologia. Além disso, menos de um terço dos países no mundo possui políticas nacionais para lidar com o aumento das doenças neurológicas, segundo o documento.

O estudo também mostra que há falta de acesso a cuidados essenciais em muitos lugares, principalmente em países mais pobres, onde poucos têm neurologistas e serviços especializados estão concentrados em grandes cidades.

Haddad aponta que medidas simples podem ajudar a diminuir o impacto das doenças neurológicas, como cuidar da saúde do coração, melhorar cuidados para AVC, saúde de gestantes e recém-nascidos, evitar traumas na cabeça e fortalecer o atendimento básico e apoio às famílias.

“No Brasil, ainda há grande desigualdade no acesso a neurologistas e exames”, alerta o médico, que defende a expansão da teleneurologia para diagnóstico e acompanhamento à distância, além do fortalecimento da neurologia pediátrica.

Quanto aos cuidadores, que são muito importantes para quem tem doenças neurológicas, o relatório mostra que apenas 46 países oferecem serviços de apoio e 44 têm proteções legais para eles. A maioria dos cuidadores informais são mulheres e não recebem reconhecimento ou suporte adequado.

Em 2022, os países membros da OMS aprovaram um plano de ação global para enfrentar o aumento das doenças neurológicas. O plano busca colocar essas condições como uma prioridade política, ampliar o acesso a cuidados, promover a saúde do cérebro em toda a vida e melhorar a coleta de dados para monitorar essa situação.

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