Manoel de Oliveira, marido de Denise, matriarca da família de Sumaré (SP) que morreu afogada no Rio Tietê, conta que todos brincavam na água quando foram encobertos pela água. Velório de quatro vítimas ocorre em escola municipal.
Sobrevivente da tragédia que matou por afogamento cinco pessoas da mesma família de Sumaré, Manoel de Oliveira relata que todos brincavam na água, na véspera de Natal, quando caíram em uma espécie de “poço” dentro do Rio Tietê. Eles possuem um rancho entre Dois Córregos (SP) e Mineiros do Tietê (SP) a expectativa era passar as festas de final de ano no local.
“Está difícil acreditar no que aconteceu. Você ver pessoas pedindo socorro, e não conseguir”, afirmou.
Manoel era marido de Denise Aparecida Dias da Silva, de 51 anos, mãe de Kervellin Wallace da Silva, de 29 anos, e avó das duas crianças, Emily Camile Dias da Silva, de 3 anos, e Nicolly Luize Dias da Silva, de 9 anos. Cynthia Silva dos Santos, de 25 anos, era mãe das meninas.
“Foi muito rápido, todo mundo encobrindo [pela água]. Estávamos brincando, água na cintura, crianças no colo. Era tipo uma praia, ventando um pouco. Não tinha um metro, um metro e vinte um do outro. Assim que afundamos, minha esposa tentou me dar a mão e empurrar a menina. Tentei tirar, mas não consegui. Só eu que sai”, contou Manoel.
Os corpos de Denise, da nora e das netas foram resgatados pelo Corpo de Bombeiros ainda no sábado e estão sendo velados em uma escola municipal de Sumaré desde a noite de domingo (25). O sepultamento será realizado nesta segunda (26), no Cemitério da Saudade.
Já o corpo de Kervellin foi localizado na tarde de domingo e segue no Instituto Médico Legal (IML) de Jaú (SP). A expectativa é que a liberação ocorra nesta segunda.
Poço no rio
Sobre o poço em que todos caíram dentro do rio, uma área mais profunda, Manoel contou que não havia nenhum aviso sobre o perigo. Ele narrou que após a tragédia moradores teriam afirmado que havia uma placa dentro da água.
“Disseram que tem um aviso, mas tá encoberto pela água. Talvez devido a época de chuvas. Mas se tivesse um aviso, teria de estar do lado de fora. Foi questão de segundos. Uma hora estava todo mundo junto, na outra não tinha chão para ninguém”, reclama.
O sobrevivente ainda lamentou que apesar de se tratar de uma época movimentada, por conta das festas, de que não havia nenhum barco ou moto aquática próximo que pudesse ajudar no resgate.
Afogamento ocorreu às margens do Rio Tietê, no local conhecido como “Baixão da Serra”, entre Dois Córregos e Mineiros do Tietê (SP) — Foto: Vanessa Azevedo/Arquivo Pessoal