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domingo, 24/11/2024
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Por desconfiança, área de combate ao terrorismo da PF não foi avisada de operação contra bolsonaristas, relatam investigadores

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Ressalvas com o órgão surgiram após intervenção do governo Bolsonaro. Quando deputado, o presidente apresentou projeto criticado por ameaça de criminalização de movimentos sociais.

Bolsonaristas radicais tentam empurrar ônibus de viaduto durante atos de vandalismo em Brasília durante vandalismo em 12 de dezembro. — Foto: Reprodução

Apesar de ter como alvo participantes do acampamento golpista onde foi planejado o atentado terrorista contra a posse de Lula (PT),a ação da Polícia Federal desta quinta-feira (29) não teve participação da coordenação de combate ao terrorismo da instituição.

Mais: essa coordenação, que fica dentro estrutura da direção-geral da PF, sequer foi avisada. Também não houve qualquer participação da Diretoria de Inteligência Policial da PF, à qual a unidade é subordinada.

A ação é capitaneada pela superintendência da PF no Distrito Federal e pela Polícia Civil do DF – que não tem a atribuição para investigar terrorismo.

Sob condição de anonimato, um investigador afirma que há desconfiança em relação aos integrantes.

“Os colegas não conseguem confiar no setor que deveria combater o terrorismo”, diz.

O principal motivo para o receio é a intervenção do governo Bolsonaro na coordenação.

O antigo chefe do órgão, delegado Fernando Chuy, foi substituído após se opor a um projeto de lei apresentado pelo presidente à época em que era deputado e que, depois, foi encampado pelo deputado ultrabolsonarista major Vitor Hugo (PL-GO), para mudar a legislação antiterrorismo.

O projeto, entre outras coisas,

  • criava uma Autoridade Nacional Contraterrorista subordinada diretamente ao Gabinete de Segurança Institucional – hoje ocupado pelo general Augusto Heleno, fiel aliado de Bolsonaro;
  • previa a atuação das Forças Armadas nas operações de combate a terrorismo e permitia que tais ações fossem coordenadas por uma autoridade militar;
  • Permitia que atos que não fossem tipificados como crime de terrorismo, ainda assim, fossem enquadrados na legislação sobre o tema, abrindo margem para a criminalização de movimentos sociais.

Operação foi batizada de Nero, que incendiou Roma

A operação deflagrada nesta quinta cumpre 32 mandados expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no DF e em 7 estados e investiga os crimes de dano qualificado, incêndio majorado, associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

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