A Executiva Nacional do PMDB aprovou nesta quarta-feira (16) uma resolução determinando que todas as filiações de deputados federais ao partido terão que receber o aval da cúpula da legenda. A estratégia visa barrar novas filiações quer interfiram na disputa pelo comando da bancada do PMDB na Câmara.
A resolução foi aprovada por 15 votos favoráveis. Houve dois contrários e uma abstenção. Antes, a aprovação de novos deputados federais era feita pelos diretórios estaduais. Agora, esse papel caberá à Executiva, que terá dez dias para apreciar o caso.
A medida atinge diretamente os esforços do deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ) que tenta retomar a liderança da sigla após ter sido destituído do cargo. O atual líder do partido na Câmara é o deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG).
Após a reunião, Picciani criticou a decisão, que chamou de “autoritária”, e disse que irá recorrer na Justiça. “Entendemos que é um instrumento ilegítimo”, afirmou.
Em um ataque indireto ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que apoia a resolução, Picciani insinuou haver interferência dele no processo.
“É lamentável que o PMDB, que sempre teve na condução da sua direção a marca do diálogo e da democracia, tenha permitido que a truculência e os desmandos que hoje marcam a Câmara tenham vindo para dentro do partido”, disse.
Nos últimos meses, Picciani se aproximou do Palácio do Planalto e acabou se isolando dentro da bancada. Em um gesto de apoio ao novo aliado, o governo estava articulando nos bastidores para que deputados de outros partidos da base aliada migrassem para o PMDB para ajudá-lo a ter assinaturas suficientes para voltar ao cargo.
O assédio do governo desencadeou um movimento do PMDB patrocinado pelo presidente do partido, o vice-presidente da República, Michel Temer, para garantir a permanência de Quintão.
O vice-presidente do partido, senador Valdir Raupp (PMDB-RO), rebateu as críticas de Picciani e explicou que se trata de “uma espécie de filtro” que já existe em outras instâncias.
“A resolução foi aprovada para que a Executiva possa avalizar, aprovar as filiações partidárias sobretudo de deputados federais, tendo em vista que nos estados e municípios já é praticamente uma praxe. O vereador com mandato para entrar no partido precisa passar pelo diretório municipal. Um deputado estadual precisa do consenso da bancada nos estados e da Executiva estadual. Então, foi puxada para a Executiva Nacional essa prática que já é usada nos municípios e estados”, justificou Raupp.
Outro peemedebista a defender a medida foi o líder da bancada na Câmara. Leonardo Quintão argumentou que o PMDB “não é partido de barriga de aluguel”. O deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), que também estava presente à reunião, disse que “estavam querendo transformar a legenda em motel, em que o deputado vem passar um tempo, sem compromentimento com o programa partidário”.