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domingo, 24/11/2024
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PM réu por matar músico em Vitória zombou do assassinato em mensagem: ‘Queria dormir, agora dormiu’

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Justiça tornou réu o PM Lucas Torrezani, de 28 anos, por matar o músico Guilherme Rocha, de 37 anos em abril deste ano dentro de um condomínio.

— Foto: Reprodução/Redes sociais

Segundo decisão da Justiça que tornou o soldado da PM Lucas Torrezani réu por ter matado Guilherme Rocha em um condomínio em Vitória, o acusado trocou mensagens em um grupo de WhatsApp debochando da morte do músico. “Queria dormir, agora dormiu”destacou a juíza Lívia Regina Savergnini em um dos trechos da decisão.

Para a juíza, a atitude do réu de 28 anos demonstra frieza.

“Acusado conta com personalidade desprovida de sensibilidade moral, sem um mínimo de compaixão humana, não valorizando o semelhante de forma a ser possível a convivência social, tanto que no dia seguinte ao crime ele se manifestou em um grupo de WhatsApp demonstrando total desapego à vida da vítima Guilherme”, relatou a juíza.

Ainda na decisão, a juíza apontou um outro momento de frieza do soldado da PM logo após os tiros. Quando o soldado atirou no músico, ele ainda ficou acompanhando a vítima agonizar até morrer enquanto terminava com sua bebida alcoólica.

O comportamento de Lucas reforçou, pra a juíza, de que o PM precisa continuar afastado da sociedade.

“A imposição de sua custódia cautelar se mostra necessária para preservação da ordem pública pois presente a possibilidade de repetição da conduta em virtude do acusado novamente consumir de bebida alcoólica na posse de arma de fogo e, com isso, perder o autocontrole e voltar sua frustração contra outra pessoa por mero desentendimento. Registro que o acusado Lucas ocupa o cargo de policial militar e, a meu sentir, tal função é incompatível com a conduta que lhe é atribuída”, destacou a juíza.

O policial está preso preventivamente desde o dia 17 de abril e a decisão reforçou o pedido de prisão preventiva de Lucas Torrezani, de 28 anos. O soldado morava no mesmo condomínio que a vítima e deu um tiro no ombro de Guilherme depois que o músico foi reclamar do barulho que o PM e outros convidados faziam.

Segundo decisão da Justiça, Jordan Ribeiro de Oliveira era uma das pessoas que também estava no local e participou do crime, empurrando o músico durante a discussão, fazendo com que Guilherme perdesse o equilíbrio e caísse. No chão, Guilherme foi baleado.

Durante a decisão, a juíza destacou que há indícios suficientes de que o solado foi o responsável pela morte do músico e que os parentes do militar, que são testemunhas do processo, têm medo de falar sobre o caso.

O advogado Taylon Gigante, que faz a defesa do PM Lucas Torrezani, disse ao g1 que ainda não foi intimado da decisão judicial e que o réu não vai colocar em risco o andamento do processo (leia a íntegra da defesa no final da reportagem).

A defesa afirmou ainda que a prisão preventiva vai ser combatida para mostrar que não há fundamentos que comprovem que o réu vai fugir e que espera que o Judiciário faça essa reparação e que no momento oportuno será esclarecida a realidade dos fatos.

Desapego à vida da vítima

Ainda na decisão, a juíza indicou que Lucas costumava fazer festas com música alta com amigos depois das 22h no condomínio onde morava, o que por diversas vezes atrapalhava noites de sono de Guilherme e da família. E que muitas vezes, a vítima já tinha denunciado no condomínio e reclamado das festas.

“A conduta reiterada do denunciado Lucas em promover confraternizações passou a ocasionar transtornos à vítima Guilherme e seus familiares, na medida em que a proximidade do apartamento deles ao banco do hall de entrada do Bloco I fazia com que o barulho das músicas e conversas atrapalhassem as noites de sono da família, tanto que a vítima Guilherme, em ocasiões pretéritas, chegou a conversar com o denunciado Lucas solicitando-lhe que encerrasse as confraternizações, o que não foi atendido, de modo que a vítima acabou registrando a ocorrência no livro do condomínio”, apontou trecho da decisão.

Soldado da PM, Lucas Torrezani, de 28 anos, matou vizinho com tiro em condomínio de Vitória — Foto: Reprodução/TV Gazeta
Foto: Reprodução/TV Gazeta.

No dia do crime, por volta das 02h22 o músico foi até o grupo e pediu que diminuíssem o tom das conversas. O acusado chegou a deixar o local com as outras pessoas mas voltou minutos depois, o que fez com que Guilherme voltasse e explicasse mais uma vez que ele e a família não estavam conseguindo dormir, o policial sacou a arma e o intimidou.

“Nesse momento, o denunciado Lucas, que é policial militar, sacou a arma de fogo que portava consigo e intimidou a vítima dizendo “eu sou PM, o que você vai fazer?”, instante em que o denunciado Jordan se aproximou de ambos”, apontou outro trecho da decisão da juíza.
A decisão também destacou que Lucas, com a arma na mão, se aproximou da vítima e projetou o cano da arma por duas vezes em direção ao tórax dela, e em seguida bateu o cano da arma no rosto de Guilherme, que tentou se defender.

A juíza frisou que o acusado acompanhou todo o momento após Guilherme ter sido baleado, e continuou bebendo, sem prestar ajuda.

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