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quinta-feira, 12/12/2024
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Operação ‘Leite Compensado’: empresa mistura soda cáustica no leite, diz MP

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Sócio-proprietário da Dielat foi preso em São Paulo no âmbito da operação Leite Compensado, que investiga adulteração em produtos da empresa, que nega irregularidades

Operação Leite Compensado investiga adulteração no leite – (crédito: MPRS / Reprodução )

Antonio Ricardo Colombo Sader, sócio-proprietário da empresa de laticínios Dielat, foi preso nesta quarta (11/12) sob acusação de adulteração em produtos lácteos na fábrica da empresa no Rio Grande do Sul. Ele foi detido em casa, em São José do Rio Preto (SP), durante a operação Leite Compensado, deflagrada pelo Ministério Público.

Segundo o MP, a investigação aponta a adição de soda cáustica e água oxigenada em alimentos como leite, composto lácteo e leite em pó. As substâncias encontradas são danosas à saúde, comumente utilizadas em indústrias químicas para limpeza e dissolução de materiais, e disfarçam os aspectos de produtos fora da data de validade.

Os policiais militares e promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) apreenderam duas armas registradas no nome do empresário. Quantias de dinheiro de R$ 295 mil, 15 mil dólares e 5 mil euros também foram apreendidas na casa de Sader.

Os produtos da Dielat são amplamente distribuídos por todo o Brasil, além de serem exportados para a Venezuela. As marcas que utilizam as mercadorias da empresa no Brasil abrangem Mega Lac, Mega Milk, Tentação e Cootall, e na Venezuela é a Tigo.

A fábrica acusada da adulteração é localizada no município de Taquara, em Porto Alegre. Os lotes de leite distribuídos pela empresa no Rio Grande do Sul e em São Paulo serão recolhidos a pedido do MP para a Secretaria Estadual de Saúde dos municípios.

Quatro mandados de prisão preventiva foram emitidos para pessoas envolvidas. Além de Sader, o diretor Tales Bardo Laurindo, o supervisor Gustavo Lauck e o engenheiro químico Sérgio Alberto Seewald foram detidos. Seewald é conhecido como ‘alquimista’ e ‘mago do leite’ por fraudes em operações anteriores.

Uma mulher foi presa em flagrante ao pedir a funcionários para apagarem possíveis provas da investigação. O nome dela ainda não foi divulgado pelas autoridades.

O promotor de Justiça Mauro Rockenbach, da Promotoria de Justiça Especializada Criminal de Porto Alegre, afirma que Seewald deveria estar usando tornozeleira eletrônica, mas foi contratado para aprimorar os mecanismos de adulteração: “Ele tem a fórmula exata da quantidade de soda cáustica para uma quantidade exata de litros de leite, fazendo com que os ajustes não sejam detectados nos exames”.

O MPRS ressalta que Sader contratou o engenheiro químico ilegalmente para adicionar as substâncias impróprias de consumo ao leite: “A soda cáustica pode conter metais cancerígenos. Isso só mascara que o produto está vencido ou deteriorado.”

Áudios interceptados pelo MPRS mostram integrantes da cadeia leiteira debochando que “o leite só poderia ter como destino a alimentação de animais”. Os próximos passos da operação contemplam interrogatório dos presos, análise dos alimentos e medidas para a atividade da fábrica.

Em nota enviada ao G1, a Dielat afirma que as suspeitas são infundadas. Veja a íntegra do texto:

“A DIELAT Indústria e Comércio de Laticínios Ltda., vem a público manifestar surpresa diante da divulgação de infundadas suspeitas sobre a regularidade de sua atuação industrial e dos produtos por ela comercializados. A DIELAT reafirma seus compromissos com o oferecimento de produtos com qualidade e inovação, com responsabilidade socioambiental, reconhecida nacionalmente por oferecer produtos de qualidade.

Em sua trajetória iniciada há mais de 8 anos, a empresa mantém permanente dedicação à ética, à moral, aos bons costumes, às leis, a todos os seus clientes e consumidores, traduzida no oferecimento de produtos livres de quaisquer dúvidas em relação à sua integridade. A empresa submete as suas instalações, insumos e produtos a constante e rigorosa fiscalização das autoridades sanitárias brasileiras e internacionais, já que exporta parte de sua produção para o exterior, e permanece à disposição de todos os órgãos públicos, de maneira ininterrupta, para demonstrar a excelência de seus produtos e o cuidado empregado na sua elaboração.

A todos os clientes, fornecedores, colaboradores e funcionários, a DIELAT manifesta tranquilidade frente aos questionamentos, com a certeza de que o esclarecimento da lisura de sua atuação será inevitavelmente obtido ao cabo de todas as apurações que se fizerem necessárias. Neste momento, os responsáveis pela empresa decidem interromper temporariamente as suas atividades, que serão imediatamente retomadas, com a mesma qualidade e compromisso, assim que superada a presente situação momentânea e finalizadas as necessárias investigações, com a certeza de que será finalmente demonstrada a absoluta regularidade de seus procedimentos e a excelente dos produtos disponibilizados ao mercado consumidor.”

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