Aos 21 anos, o ribeirinho Amarildo Costa Oliveira, conhecido como ‘Pelado’, abria trilhas em expedição indigenista de mais de cem dias para combater a invasão de pescadores e garimpeiros ilegais. ‘Era uma figura muito prestativa’, relembra repórter que participou de ação em 2002.
Antes de se tornar conhecido por confessar as mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Philips – conhecidos pelo ativismo ambiental –, o ribeirinho Amarildo Costa Oliveira, conhecido como “Pelado”, chegou a atuar como mateiro, em 2002, durante uma expedição para combater o garimpo e a pesca ilegal no Vale do Javari.
Quem narra este episódio é o repórter Leonencio Nossa, do jornal “O Estado de S. Paulo”, que na época participou da expedição. Em entrevista a Renata Lo Prete, ele lembrou de Pelado – com quem conviveu por mais de cem dias – como um “menino prestativo”.
“Era um ribeirinho muito inserido naquela tradição, com sua religiosidade […] Era o primeiro a pegar em um machado para tirar um galho que estava obstruindo a passagem”, relata o repórter e autor do livro “Homens Invisíveis”.
Um dia após a confirmação de mortes dos ativistas, a ONU cobrou que autoridades brasileiras reforcem os órgãos federais responsáveis pela proteção aos indígenas e ao meio ambiente.
O cenário de fortalecimento do crime organizado no Javari, segundo Leonencio, é o que explica o surpreendente desfecho da trajetória de “Pelado”, o ribeirinho que, durante a juventude, era ativamente envolvido na proteção dos povos isolados.