Pacientes já começaram a ser transferidos para outras unidades da rede. Esvaziamento às pressas ocorre com o fim do contrato com o Iabas; até que a Fundação Estadual de Saúde assuma a gestão, espaços ficarão desativados — e não há prazo para reabertura.
O Governo do Rio de Janeiro, decidiu nesta sexta-feira (17), fechar — ainda hoje — os dois hospitais de campanha sob sua gestão, no Maracanã, Zona Norte, e em São Gonçalo, na Região Metropolitana.
O Blog apurou que pacientes já começaram a ser transferidos para outras unidades. Até esta manhã, eram 28 internados no Maracanã e oito em São Gonçalo — a maioria na CTI.
O governo do estado diz que é “um fechamento preventivo”, pois o contrato do Iabas com os funcionários se encerra neste sábado (18). A Fundação Estadual de Saúde vai assumir os espaços (leia mais abaixo).
O Blog apurou que, enquanto a entidade reorganiza o quadro de pessoal, os hospitais permanecerão fechados — e não há prazo para reabertura.
No dia 2 de junho, o governador Wilson Witzel assinou um decreto em que afastava o Iabas da gestão — mas o contrato ficou vigente até agora, ainda que sob intervenção da Fundação.
O contrato com o Iabas foi firmado por R$ 835 milhões, dos quais R$ 256 milhões foram pagos.
O que diz o governo
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde negou o fechamento das unidades — mas não informou data de reabertura.
A Secretaria de Estado de Saúde (SES) informa que iniciou, nesta sexta-feira (17), de forma preventiva, a transferência dos pacientes do Hospital de Campanha do Maracanã e de São Gonçalo para outras unidades. […] Assim, eles terão a saúde preservada e poderão dar continuidade a seus tratamentos.
A SES reforça que a medida foi tomada em virtude do término do contrato com o Iabas, que acontece no sábado (18/7), informado à SES pela OS no dia 14 deste mês.
A SES finaliza comunicando que os hospitais não serão fechados neste momento e que a Fundação Saúde irá ceder profissionais para atuarem nas unidades para onde os pacientes estão sendo transferidos. Questões trabalhistas serão resolvidas pela OS.
Crivella comenta
O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, comentou o esvaziamento das unidades.
“Eu gostaria que eles mantivessem funcionamento pelo menos das UTIs. No estado, não vai fazer muita falta porque o governo não conseguiu colocar essas unidades em funcionamento”, ponderou, durante um evento de reforma de um deque na Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul do Rio.
Problemas desde a inauguração
Entre as “questões trabalhistas” está o atraso de salários. Nesta quinta-feira (16), funcionários do Maracanã protestaram na porta da unidade — um grupo voltou a se manifestar nesta sexta, afirmando não ter recebido os vencimentos de junho.
Dos sete hospitais de campanha prometidos pelo governador Wilson Witzel, apenas o do Maracanã e o de São Gonçalo foram abertos, com atraso.
Witzel disse que as sete unidades abririam até 30 de abril. No dia 9 de junho, parte do Hospital de Campanha do Maracanã foi aberta. No dia 18, o governo abriu o de São Gonçalo.
O Hospital do Maracanã apresentou outros problemas, como denúncias de troca de respiradores novos por obsoletos e falta de medicamentos.
No dia 1 de julho, o Secretário de Saúde, Alexandre Bousquet, anunciou que o governo do Rio desistiu de concluir dois hospitais de campanha – Campos e Casimiro de Abreu – planejados para vítimas da pandemia da Covid-19.
Outras unidades que estavam em processo de construção em Duque de Caxias e Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e Nova Friburgo, na Região Serrana, serão concluídas, segundo Bousquet.
Bousquet afirmou que o contrato com a Iabas estava “judicializado” e que os pagamentos para a OS eram feitos através da interventora.
Iabas diz não ter sido comunicado
Em nota, a organização social Iabas informou que, “assim como os funcionários, não foi comunicado previamente pela Secretaria Estadual de Saúde sobre o fechamento dos Hospitais de Campanha do Maracanã e de São Gonçalo”.
A OS acrescentou que, no dia 14 de julho, “enviou ofício à Secretaria de Saúde solicitando a rescisão do contrato de gestão mantido com o instituto em um prazo de até 5 dias para que a Fundação, de fato, assumisse a gestão do contrato. (…) Em nenhum momento se fala em fechamento dos hospitais”.