Laboratório americano constatou que pessoas com nível mais alto de ácidos carboxílicos na pele são mais atrativas para o mosquito Aedes aegypti.
Existem pessoas que são sempre as primeiras atacadas pelos mosquitos. Parece até que elas são preferidas pelos insetos – e são mesmo.
Borrachudos, mutucas e pernilongos: qual a diferença entre os mosquitos que picam?
No laboratório, a experiência com gelo paralisa os mosquitos, o que só comprova o que a gente sente no ar: eles preferem o calor, se multiplicam no verão e voam atrás de alvos.
“A gente sentou ali durante três minutos. Aí começaram a aparecer alguns mosquitos. Está coçando. Começaram a picar, né?”, conta o estudante Pedro Fróes. “Eu não senti nada”, afirma o amigo de Pedro.
É que a fêmea que pica, para alimentar os ovos, escolhe as vítimas.
“Sempre! Se tem mosquito, eu estou sendo picado”, lamenta Pedro. “Eu já não. É bem difícil”, diz o amigo.
É coisa de pele: um estudo do Laboratório de Neurogenética e Comportamento da Rockefeller University, nos Estados Unidos, descobriu o que atrai o Aedes aegypti, vetor de doenças.
“Todos nós temos uma secreção na nossa pele, de diversas substâncias, e aquelas pessoas que sempre são mais atrativas para o mosquito produzem um nível de ácidos carboxílicos mais alto do que aquelas pessoas que não são tão atrativas ou que até mesmo não atraem os mosquitos”, explica Anderson de Sá Nunes, professor associado do Instituto de Ciências Biomédicas da USP.
Repórter: Como que esse mosquitinho percebe quem tem mais ácido carboxílico?
Anderson de Sá: Na antena do mosquito, ele tem algumas moléculas que são capazes de reconhecer, de sentir os odores; são receptores. Eles entendem que existe uma pessoa ali perto. Isso também pode acontecer, por exemplo, com a secreção de gás carbônico durante a respiração e esses mosquitos, então, se orientam e eles preferem essas pessoas que estão secretando ácido carboxílico e respirando ali naquela região.
O estudo americano, feito em um olfatômetro, uma caixa plástica onde os mosquitos são soltos, confirmou, ao longo de meses, a preferência pelos mesmos candidatos.
Repórter: Quando você está perto dela, você não precisa nem se proteger muito…
Homem: Fico mais tranquilo. Geralmente fico mais sossegado, vai em cima dela primeiro os mosquitos.
Repórter: Pesquisas como essa podem evitar, por exemplo, a disseminação de dengue, chikungunya?
Anderson de Sá: Exatamente. Sempre tem, no fundo, no final, na ponta dessa pesquisa, sempre tem uma esperança de que seja uma informação importante, justamente para evitar a transmissão dessas doenças.
E até lá, os mais atraentes que lutem.
“Eu preferia ser a menos, porque hoje é complicado. A essa hora então”, brinca mulher.