Crimes teriam ocorrido entre 2015 e 2018, segundo vítimas. Defesa do empresário nega relatos e afirma que sete denúncias já foram arquivadas pela Justiça.
À reportagem, uma das vítimas contou que o primeiro encontro com o empresário foi no bar dele. O caso aconteceu em 2018, quando ela tinha 31 anos. “Após o bar, a gente foi para a casa dele. Tomei mais alguns drinks e foi o momento em que eu me senti entorpecida, com o corpo pesado”, afirma.
Ela disse que, em um primeiro momento, consentiu o sexo. No entanto, em seguida, pediu para que ele parasse. “Ele me ignorou todas as vezes e foram várias vezes. Eu estava com o meu corpo pesado e ele em cima de mim. Não tinha como reagir”, lembrou.
A mulher diz ainda que passou mal depois de beber o drink feito pelo empresário. “Eu acho que me impediu de ter reação, uma reação mais agressiva. Eu estava com dificuldade para andar. Eu tenho absoluta certeza que tinha algo na minha bebida.”
O encontro com a segunda vítima foi em 2015, quando ela tinha 24 anos. Eles marcaram pela internet e se encontraram na casa do homem. “Eu já tinha gritado. Lembro de chorar bastante”, contou.
Ela diz que, além do ato sem consentimento, ele tirou a camisinha sem que ela percebesse. “Eu fique atordoada. Eu levei um tempo para processar as coisas”, disse à reportagem.
Vítimas dizem ter se sentido mal após beberem drinks preparados pelo empresário — Foto: TV Globo/Reprodução
A terceira vítima também fez um relato sobre os drinks servidos pelo empresário. O caso ocorreu em 2015.
Eles se encontraram pela primeira vez em uma reunião com amigos em comum, na casa dele. “[Ele] ficou muito insistente para sair comigo, e os amigos arrumaram esse encontro em comum”, contou.
“Ele preparou um drink para mim, mas eu não gostei. Dei para uma amiga beber e ela adormeceu, capotou”, disse. Ela afirma que, nesse dia, ela nada aconteceu, mas eles se encontraram de novo, em um evento de pré-Carnaval.
“Eu já estava um pouco alcoolizada, a gente se beijou e ele me convidou para subir para a casa dele. Tivemos relação sexual consensual, durante o ato, ele me virou de bruços e me estuprou”, denunciou.
Já a quarta mulher afirma que sofreu abuso aos 26 anos, em 2017. Ela lembra que foi carregada pelo comerciante depois de beber com ele.
“Bebi dois ou três drinks, no máximo, e fiquei muito mais embriagada do que o de costume”, contou. Ela disse ainda que ficou sem forças e lembra da sensação de ser carregada pelo homem até a cama dele.
As mulheres afirmam que se conheceram depois que uma delas criou coragem e expôs, nas redes sociais, a relação sexual abusiva, e como ela passou mal depois de tomar a bebida preparada pelo homem. As vítimas afirmam que não viram o preparo do drink.
O que diz a defesa
Em julho, a TV Globo teve acesso às alegações da defesa do homem no processo judicial, que negam a veracidade das denúncias.
O documento aponta ainda que não há “indícios mínimos de qualquer ato por parte do acusado, violência ou grave ameaça” e que “a embriaguez ou o efeito de alguma outra substância não configuram automaticamente o crime de estupro de vulnerável”.
A defesa ainda argumenta que não havia elementos que possibilitassem ao acusado perceber que as vítimas estavam em situação de vulnerabilidade “a ponto de não conseguir opor resistência ao ato sexual”.
Nesta segunda-feira (15), a defesa dele enviou uma nova nota. Veja íntegra abaixo:
“Ao todo, 12 ocorrências foram registradas. Destas acusações, 7 foram imediatamente arquivadas judicialmente.
Sobre os demais casos que estão em andamento, reitero que considero a inocência de meu cliente, todavia, por respeito ao poder judiciário, sendo o caso sigiloso, nossas manifestações serão técnicas e ocorrerão nos autos do processo.