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quarta-feira, 27/11/2024
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Começam encontros oficiais na Cúpula das Américas; Bolsonaro chega aos EUA

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Embora a Cúpula das Américas tenha sido iniciada há dois dias, só nesta quarta-feira os líderes chegam a Los Angeles, incluindo o presidente Jair Bolsonaro

(Getty Images/Kyle Grillot/Bloomberg)

Dois dias após sua abertura oficial, a Cúpula das Américas começa de vez nesta quarta-feira, 8. Acontece pela manhã o início dos trabalhos no chamado Plenário dos Líderes, onde presidentes se encontrarão nos próximos dias para discutir temas que vão da guerra na Ucrânia a migração, economia pós-covid e a sempre complexa relação do anfitrião Estados Unidos com os países vizinhos.

Embora a cúpula tenha sido iniciada na segunda-feira, 6, só nesta quarta-feira os presidentes da região chegaram a Los Angeles, onde acontece o evento convocado pelos EUA. É o caso do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que participa da cúpula a partir de hoje.

Ainda nesta quarta-feira, à noite, o presidente norte-americano, Joe Biden, e a primeira-dama Jill Biden oferecerão um jantar aos líderes presentes. Ministros dos países convidados também serão recepcionados por pares do governo americano ao longo do dia.

Além da agenda oficial da cúpula, que vai até 10 de junho, um dos momentos mais aguardados pela diplomacia brasileira será uma reunião direta entre o presidente Bolsonaro e Biden. O encontro está inicialmente previsto para esta quinta-feira, 9.

Será a primeira vez que os dois líderes se encontram em uma reunião bilateral desde que Biden tomou posse, em janeiro de 2021. (Os dois chegaram a participar ao mesmo tempo no ano passado da cúpula do G20, na Itália, mas não tiveram um encontro.)

Após o fim da Cúpula das Américas, Bolsonaro estenderá a viagem e visitará Orlando, na Flórida, quando deve participar da inauguração de um vice-consulado brasileiro.

Cúpula das polêmicas

A Cúpula das Américas chega a sua nona edição neste ano, sendo a primeira após a pandemia e a primeira do governo Biden.

Havia a expectativas de que os EUA usassem a semana para anunciar eventuais novas políticas na América Latina, como eventuais planos de investimento e auxílio em meio à crise, mas pouco foi dito até o momento.

Enquanto isso, o evento vem cercado de polêmicas há semanas. Antes da cúpula, o principal embate foi o não convite dos EUA a países que o governo norte-americano não considera democráticos, como Venezuela, Nicarágua e Cuba. O caso fez parte dos governos boicotarem o evento.

A ausência mais notada será a do presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, que enviou somente um representante do governo.

Líderes de países como Honduras e Guatemala também não comparecerão.

Mesmo entre quem foi a Los Angeles, algumas críticas seguem ocorrendo: o presidente argentino, Alberto Fernández, voltou a lamentar nesta terça-feira, antes do embarque para os EUA, a ausência de alguns países, afirmando que o movimento atrapalha a unidade na região.

“A unidade não se declara, a unidade se exerce e a melhor maneira de exercê-la é não segregar ninguém”, disse o presidente argentino. “Nós lamentamos enormemente a ausência de países que não foram convidados, mas tentarei levar sua voz como presidente da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) que sou.”

Alberto Fernández, presidente da Argentina

Fernández: presidente argentino disse que falta de convite a alguns países prejudica “unidade” (Hector Vivas/Getty Images)

Segundo a AFP, o presidente argentino resolveu comparecer à cúpula após conversar com vários presidentes da região. Além disso, Biden o convidou a uma visita oficial à Casa Branca em julho.

Além das ausências já esperadas, o presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, era presença confirmada, mas afirmou que não viajará por ter sido diagnosticado com covid-19.

Um dos principais objetivos dos EUA na cúpula é estreitar laços com os vizinhos nas Américas em meio à crescente influência da China na região. Outro tema de interesse dos americanos é a onda migratória, mas que perde tração nas discussões com a ausência do México na cúpula.

Presença do Brasil

Com a cúpula esvaziada, o Brasil, maior economia da América Latina, termina se tornando uma das presenças mais relevantes do evento.

Antes de embarcar para os EUA, Bolsonaro falou sobre o encontro com Biden em entrevista à rede de televisão SBT veiculada ontem. Como já havia feito em outras oportunidades, o presidente brasileiro voltou a mencionar suposta fraude na eleição americana de 2020, que deu vitória a Biden.

“Quem diz é o povo americano. Eu não vou entrar em detalhes na soberania de outro país. Agora, o Trump estava muito bem. E muita coisa chegou para gente que a gente fica com pé atrás”, disse Bolsonaro ao SBT.

Jair Bolsonaro e Joe Biden

Jair Bolsonaro e Joe Biden: presidentes terão primeira reunião bilateral durante a Cúpula das Américas  (Montagem Exame – Akos Stiller/Bloomberg e Al Drago/Bloomberg/Getty Images)

Visto nos EUA como um aliado do ex-presidente Donald Trump, Bolsonaro foi o principal líder mundial a não condenar a invasão do Capitólio em 2021 e demorou a parabenizar Biden pela vitória na eleição presidencial.

Na entrevista, Bolsonaro também falou que Biden não deve, durante a reunião com o brasileiro, “entrar na questão ambiental”.

“Ele não vai, no meu entender, querer impor algo que eu deva fazer na Amazônia. Eu acho que ele me conhece, conhece mais do que a mim, conhece a região. Não podemos relativizar a nossa soberania”, disse Bolsonaro.

“Cúpula é um evento que sem o Brasil é bastante esvaziado. Terei uma reunião bilateral por 30 minutos com Biden, não sei o que ele vai falar de lá para cá, se entrar na questão ambiental já sei como proceder. Vários países querem relativizar a soberania da Amazônia, como se aquilo fosse algo do mundo, e não é assim. Então não entra na discussão.”

(Com informações de AFP e Estadão Conteúdo)

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