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sábado, 22/02/2025

Autor de músicas simpáticas ao crime, Oruam é preso e liberado sob fiança

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O cantor, filho do chefe do Comando Vermelho, tentou escapar de operação de trânsito. Após ser solto, boatos eram de que tudo não passou de uma jogada de marketing. Ele também inspirou projetos de lei contra músicas que fazem apologia ao crime

Oruam foi preso nesta quinta-feira (20) – (crédito: Reprodução Instagram )

O rapper Oruam, filho do líder de uma facção criminosa no Rio de Janeiro, foi preso na tarde desta quinta-feira (20), na Barra da Tijuca, área nobre na Zona Oeste da cidade. Segundo informações do portal G1, o artista tentou fugir de uma blitz no Joá, e, após ser detido, foi conduzido para a 16ª DP Delegacia Policial da Barra da Tijuca e autuado em flagrante por direção perigosa.

Na internet, um vídeo mostra o cantor sendo algemado e colocado no camburão da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMERJ). Enquanto isso, pessoas reconhecem o artista e cercam o local. Para dispersar o grupo, os policiais utilizam spray de pimenta.

À noite, Oruam deixou a 16ª DP, após o pagamento de fiança no valor de R$ 60 mil. Diante do boato de que teria provocado a própria prisão em uma estratégia de marketing, para o lançamento de uma música ainda ontem à noite, repórteres questionaram o cantor. Ele respondeu: “Eu sou o artista de trap mais ouvido do Brasil e ninguém nunca quis me entrevistar. Agora por que querem? Saiu o bagulho aí e vocês querem me entrevistar. Marketing de quê?”

Registrado em cartório como Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, Oruam conta com mais de 10 milhões de seguidores em suas redes sociais. Tem 13 milhões de ouvintes mensais no Spotify, com hits como “Oh garota, eu quero você só pra mim” (com 97,7 milhões de execuções na plataforma) e “Diz aí qual é o plano” (com 123,3 milhões de execuções).

Além disso, ele é filho do Marcinho VP, presidiário condenado por tráfico de drogas, formação de quadrilha e assassinato — com pena de 44 anos de prisão —, líder da maior facção criminosa do Rio de Janeiro, o Comando Vermelhor. O artista também é ligado a outro expoente do tráfico, reconhecido como “tio de consideração”: Elias Maluco. O criminoso, encontrado morto em uma penitenciária federal em 2020, é responsável pelo assassinato do jornalista Tim Lopes, em 2002.

Oruam homenageia Elias Maluco em uma tatuagem em sua barriga. As polêmicas envolvendo o artista começaram em 2022. Em apresentação no festival Lollapalooza, em São Paulo, ele vestiu uma camisa pedindo a liberdade do pai. Oruam descreveu o ato como “só um desabafo de um menor que cresceu sem ter o seu pai perto”. “Meu pai errou, mas está pagando pelos seus erros e com sobra. Não tentem tirar de uma pessoa o direito de reivindicar condições melhores para o seu pai, e nem de querer vê-lo em liberdade”, explicou o cantor em publicação no seu perfil, no Instagram.

Nas últimas semanas, Oruam tornou-se alvo de projetos de lei que buscam proibir o repasse de recursos públicos para contratar artistas que tenham no repertório músicas com apologia ao crime ou às Correio Braziliense drogas, para eventos voltados para o público infantojuvenil. O projeto, apelidado de Lei Anti-Oruam, foi originalmente protocolado pela vereadora de São Paulo Amanda Vettorazzo (União Brasil). Além da assembleia paulista, o Legislativo de pelo menos 12 outras capitais discutem propostas semelhantes. Em Brasília, a frente Anti-Oruam está a cargo do deputado distrital Eduardo Pedrosa (União Brasil).

No Congresso Nacional, o coordenador do Movimento Brasil Livre (MBL), deputado Kim Kataguiri (União-SP), apresentou proposta semelhante, com mais de 40 assinaturas. No Senado, o senador Cleitinho (Republicanos-MG) também apresentou projeto.

Oruam afirma que essas propostas legislativas são uma tentativa de criminalizar o funk, o rap e sua subvariante, o trap. “Coincidentemente, o universo fez um filho de traficante fazer sucesso, eles encontraram a oportunidade perfeita pra isso. Virei pauta política. Mas o que vocês não entendem é que a Lei Anti-Oruam não ataca só o Oruam, mas todos os artistas da cena”, alega.

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