Um documento tornado público no início deste mês mostra novos detalhes sobre a atuação do ex-presidente dos Estados Unidos, George W. Bush
Um documento tornado público no início deste mês mostra novos detalhes sobre a atuação do ex-presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, após os ataques terroristas do 11 de setembro. Segundo o site Business Insider, trata-se de um memorando que relata o encontro, que ocorreu em 2004, entre Bush e seu vice-presidente, Dick Cheney, com 10 membros da Comissão do 11 de Setembro, instaurada para investigar as falhas institucionais que permitiram o ataque e elaborou relatório final em julho de 2004. A íntegra do memorando desclassificado, em inglês, pode ser lida aqui.
Na reunião, Bush tentou justificar que não havia recebido informações suficientes da CIA, agência de inteligência dos EUA, a respeito do risco de um ataque da organização terrorista Al Qaeda. O documento mostra também que os membros da comissão apresentaram diversas oportunidades ao ex-presidente de reconhecer os “inúmeros alertas documentados” que ele havia recebido de agências governamentais sobre um possível ataque da Al Qaeda.
Na conversa registrada no documento, o ex-presidente norte-americano alega que o ex-diretor da CIA à época, George Tenet, havia apenas dito que a “ameaça vinha do exterior”.
Segundo o Business Insider, Tenet havia antecipado mais de uma vez que um ataque da Al Qaeda poderia ocorrer “em qualquer lugar, em qualquer momento, e que todos os cidadãos norte-americanos eram alvos em potencial”. O mais notável desses alertas foi um relatório da CIA intitulado “Bin Laden está determinado a atacar o Estados Unidos”, enviado para o presidente em 6 de agosto de 2001 e desclassificado em abril de 2004.
Reportagem do New York Times à época destacou que “o presidente Bush foi informado mais de um mês antes sobre os ataques do 11 de setembro que apoiadores de Osama bin Laden planejavam um ataque aos Estados Unidos com explosivos e queriam sequestrar aviões.
O que o memorando divulgado neste mês revela é a falta de urgência da Casa Branca sobre a ameaça doméstica de ataques da Al Qaeda. De acordo com a reportagem, o documento ajuda a entender como Bush evitou se tornar culpado pelo ataque às torres gêmeas e conseguiu se reeleito em 2004.
Após ser informado, Bush quis passar calma
Uma das imagens mais célebres em torno do atentado do 11 de setembro é a cena do presidente Bush sendo informado a respeito dos ataques enquanto lia para crianças em uma escola Flórida, no sul do país. Na ocasião, Bush manteve-se calmo e seguiu com a programação do evento.
Questionado por um dos membros da comissão sobre por que seguiu no evento após ser informado do segundo ataque às torres gêmeas, Bush alegou que seu instinto foi manter a calma e não permitir que o país visse um presidente agitado em um momento de emergência.
“O país estava sob ataque. Ele estava tentando entender o que isso significava. Ele estava olhando para os membros da imprensa [presentes ao evento] e os viu ao telefone. Ele sentiu que deveria projetar calma e força até que pudesse entender melhor o que estava acontecendo”, diz trecho do documento, que descreve a conversa e não a transcreve literalmente.
Em 2011, o ex-presidente sustentou a afirmação em entrevista à National Geographic. “Então tomei a decisão de não pular imediatamente e sair da classe. Eu não queria agitar as crianças. Eu queria projetar uma sensação de calma”, explicou Bush há pouco mais de dez anos.
No ano passado, em evento para relembrar os 20 anos dos ataques terroristas, Bush alertou contra um novo risco dentro do próprio país. “Temos visto evidência cada vez maior que os riscos ao nosso país podem vir não apenas de além das fronteiras, mas da violência que se reúne dentro delas”, disse Bush neste sábado no memorial de 11 de setembro em Shanksville, Pensilvânia, durante a cerimônia para marcar o aniversário dos ataques de 11 de setembro de 2001.
11 de setembro: o ataque às torres gêmeas
Em 11 de setembro de 2001, em menos de duas horas, as torres do World Trade Center foram reduzidas a uma montanha de poeira e aço incandescente, o Pentágono foi destruído e quase 3.000 pessoas perderam a vida.
Os atentados foram executados por 19 terroristas do grupo Al Qaeda, que desviaram quatro aviões comerciais para jogá-los contra símbolos econômicos, militares e políticos dos Estados Unidos.
Duas aeronaves colidiram com as torres gêmeas em Nova York e uma terceira com o Pentágono, sede do Departamento de Defesa, perto da capital Washington DC.
Um quarto avião possivelmente visava o Capitólio, sede do Congresso, ou a Casa Branca, mas após a intervenção de seus passageiros caiu em uma área rural de Shanksville, na Pensilvânia.