O que você já tentou para emagrecer? Entre truques, táticas, regimes e jejuns, surge mais uma novidade que promete te fazer perder peso: a dieta 5:2, que para não perder o costume, vem com sabor de polêmica. Entenda como ela funciona e conheça prós e contras com a opinião de uma nutricionista.
Como surgiu
A dieta 5:2 ganhou notoriedade através do best-seller “The Fast Diet” (traduzido do inglês como “A Dieta dos 2 Dias”), dos autores Michael Mosley e Mimi Spencer. Como ela funciona? “Basicamente, a ideia é que, durante dois dias na semana não consecutivos, a pessoa faça uma dieta de 500 calorias. Porém, nos demais, ela pode comer o que quiser mantendo a ingestão média em torno de 2000 kcal. Esse método visa alternar o consumo calórico, no intuito de acelerar o metabolismo, dando um choque no organismo, fazendo com que o corpo aprenda a trabalhar com menos energia, por isso, a alimentação deve ser balanceada e equilibrada na maior parte do tempo”, explica a Nutricionista Clínica e Esportiva Funcional Marcella Ammirabile, da Clínica NutreeCare.
O que pode vir por aí
A nutricionista revela que algumas pessoas podem sentir efeitos desagradáveis como falta de animo, dor de cabeça, tontura e até desmaio por ingerir uma quantidade calórica tão inferior. “Na minha opinião, essa estratégia funcionaria bem para uma parcela muito pequena da população, aquela já bem treinada e com uma rotina alimentar saudável e bem orientada. Pois para a maioria, essa restrição calórica grande em alguns dias pode levar o organismo a entender que precisará armazenar energia quando a oferta de alimentos for maior, e ocorrer o efeito contrario: ao invés de queimar mais gordura e acelerar o metabolismo, teríamos uma desaceleração dele, afim de poupar energia, e um aumento no acúmulo de gordura”.
Restrição x Evolução Alimentar
O corpo humano é inteligente e vem se adaptando ao longo de milhares de anos. Marcella esclarece que “antes, tínhamos que caçar para comer, a oferta de alimentos era escassa, e quando havia chance, comíamos muita quantidade de carnes, nada de cereais, algumas frutas e plantas, por isso guardávamos energia na forma de gordura para nos prepararmos para os dias sem comida. Mas o tempo passou e comer ficou cada vez mais fácil, frequente e contínuo. Além disso, não precisamos mais consumir quantidades enormes, as porções diminuíram e podem ser consumidas várias vezes ao dia, conforme a necessidade”.
Diante desse paralelo, a profissional destaca que “restringir o consumo calórico por alguns dias, pode nos levar, quando a dieta estiver liberada, a procurar por alimentos mais gordurosos e por açúcar refinado ou carboidratos simples, proporcionando um aumento de escolhas não saudáveis, o que facilitaria o acúmulo de gordura”.
Para funcionar, Ammirabile enfatiza que “as pessoas deveriam estar muito conscientes e aprender o efeito de cada grupo alimentar no organismo, além de bem assistidas e orientadas, para saber lidar com os efeitos que essa limitação de calorias pode causar”.
Sobre fazer escolhas
Outro fator preocupante, de acordo com a nutricionista, é que nos dias de restrição, “os alimentos escolhidos devem ser os que proporcionam maior saciedade, e que forneçam os nutrientes de forma adequada para cada indivíduo. Mas quando se pensa apenas em calorias, muita gente pode escolher opções sem nutrientes, como por exemplo, refrigerantes zero açúcar, doces diets, e outros industrializado, cheios de química, que obrigam o corpo a lidar com compostos difíceis de serem digeridos, e assim desaceleram o metabolismo”. Por fim, essa ressalta: “mais uma vez repito, essa estratégia pode funcionar, mas não é para todo mundo, e tem, sim, que ter um acompanhamento profissional, e o paciente deve estar consciente e bem orientado”.