GABRIEL BARNABÉ
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
A região do Texas sofreu fortes enchentes nesta sexta-feira (4), que resultaram na morte de pelo menos 52 pessoas, e agora enfrenta a ameaça de mais chuvas intensas e alertas de inundações até pelo menos domingo, segundo o Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos.
Dentre as vítimas das enchentes causadas pelo rio Guadalupe, ao menos 15 eram crianças.
As autoridades continuam as buscas por pessoas desaparecidas, cuja quantidade ainda não está confirmada.
O governo local mobilizou equipes de resgate para encontrar 27 meninas que estavam participando de um evento de verão. Elas faziam parte do grupo de quase 750 crianças no acampamento cristão feminino Camp Mystic, nas proximidades do rio Guadalupe. O governo federal acionou a Guarda Costeira e a Agência Federal de Resposta a Desastres para auxiliar nas operações.
Embora as demais crianças estejam fora de risco, elas ficaram isoladas no acampamento devido a bloqueios nas estradas. Além disso, o Camp Mystic está sem fornecimento de energia elétrica, água e conexão com a internet.
De acordo com o xerife do condado de Kerr, Larry Lethia, cerca de 860 pessoas foram retiradas de suas casas, entre elas oito feridos, na cidade de San Antonio. O governador do estado, Greg Abbott, afirmou que as equipes continuam trabalhando para encontrar mais sobreviventes e pediu orações à população local.
“Muitas pessoas foram levadas por um desastre sem precedentes”, declarou o governador.
O vice-governador, Dan Patrick, destacou que a previsão de novas chuvas abrange uma área extensa.
“Fizemos o possível para alertar sobre a possibilidade de chuvas fortes, mas ainda não sabemos exatamente onde elas vão ocorrer”, complementou Patrick.
Segundo o jornal The New York Times, o Serviço Meteorológico emitiu alertas durante a madrugada, mas o caráter rápido da elevação do nível da água dificultou a resposta das autoridades e a evacuação das áreas de maior risco.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, usou suas redes sociais para informar que o governo federal está atuando em conjunto com as autoridades estaduais e locais. “Nossa secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, estará no local em breve. Melania e eu estamos orando por todas as famílias afetadas por essa terrível tragédia. Nossos corajosos socorristas estão atuando com toda a sua capacidade”, afirmou, mencionando a primeira-dama.
O vice-presidente, J. D. Vance, qualificou as mortes como uma “tragédia incompreensível” e expressou seu pesar pelas vítimas e seus familiares.
De acordo com Jason Runyen, do Serviço Nacional de Meteorologia, a tempestade que atingiu o centro do Texas é lenta e deve provocar mais precipitações, incluindo tempestades fortes e inundações adicionais.
A previsão indica entre 50 e 120 milímetros de chuva para o sábado, podendo atingir até 250 mm em áreas isoladas. Embora seja difícil prever exatamente onde as chuvas serão mais intensas, a maior probabilidade é para regiões a leste de San Antonio e Austin. Na sexta, as áreas mais atingidas estavam a oeste dessas cidades, especialmente nas regiões de Kerr e Hunt.
Desde quinta-feira (3), essas localidades receberam mais de 170 mm de chuva, ultrapassando o dobro da média mensal esperada. Para o sábado, a previsão indica mais 50 a 100 mm de chuva, um volume muito acima do habitual.
Segundo dados históricos do portal US Climate Data, o condado de Kerr tem uma média anual de 825 mm de chuva, sendo que julho normalmente registra cerca de 71 mm. Este final de semana, porém, deve chover um volume equivalente a até três vezes a média mensal.
Constantine Pashos, meteorologista do serviço em Austin, alertou para o perigo extremo da situação.
Embora o rio Guadalupe tenha recuado de seu nível crítico, ainda assim permanece perigoso, segundo Allison Santorelli, meteorologista em College Park, Maryland.
O rio subiu cerca de oito metros em apenas 45 minutos. Equipes de bombeiros convocaram centenas de voluntários, além de 14 helicópteros e drones, para realizar buscas e resgatar crianças no Camp Mystic.
Dados da Organização Meteorológica Mundial indicam que eventos climáticos extremos, como secas, enchentes, deslizamentos, tempestades e incêndios, aumentaram mais de três vezes nas últimas cinco décadas devido ao aquecimento global.
Além disso, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão da ONU, já constatou em relatório que grande parte dessas mudanças climáticas resulta da ação humana.