PEDRO S. TEIXEIRA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
A média de renda dos motoristas de aplicativo diminuiu entre 4% e 13% entre 2022 e 2024, conforme um estudo do Cebrap com dados cedidos por entidades como Amobitec, que representa empresas como iFood, Lalamove, Uber e Zé Delivery. Durante esse período, a remuneração dos entregadores subiu entre 11% e 16%, enquanto o rendimento médio de todos os trabalhadores, segundo o IBGE, cresceu 12,1%.
Esses números consideram o ganho líquido, já descontadas despesas com impostos, manutenção e combustível. Os valores foram ajustados pela inflação para garantir comparações justas. O estudo analisou dados das plataformas, valores de 2024 e realizou entrevistas qualitativas com profissionais em diferentes regiões do país.
Em evento recente, a Amobitec apresentou aumento de 5% na remuneração bruta dos motoristas, porém não detalhou a queda no rendimento líquido, que inclui os custos de manutenção, conforme o sociólogo Victor Calil, autor do estudo. Ele ressalta que o aumento no custo das autopeças (27%) e impostos (15%) impactou negativamente, mesmo com redução dos gastos com combustível (7%) e multas (5%).
O custo mensal estimado para motoristas subiu de R$ 2.746 para R$ 2.885, aumento de 5,1%, e para entregadores a alta foi de 0,5%. A remuneração por hora ajustada pela inflação foi de R$ 47 para motoristas e de R$ 31,33 para entregadores entre 2022 e 2024.
Segundo o Cebrap, motoristas de aplicativo trabalhando 40 horas semanais recebem entre R$ 3.083 e R$ 4.400 mensais, considerando diferentes tempos de espera. Entregadores, com jornadas em torno de 20 horas semanais, têm ganhos líquidos entre R$ 1.138 e R$ 1.581; para 40 horas, a renda varia de R$ 2.669 a R$ 3.581.
Esses valores são superiores ao salário mínimo vigente durante o estudo (R$ 1.412) e acima da média salarial do setor de serviços para pessoas com ensino médio completo (R$ 2.392), destaca a Amobitec.
O levantamento indicou que 54% dos entregadores e 58% dos motoristas têm o trabalho via aplicativo como principal fonte de renda, com pequenas variações desde 2022. O número total de trabalhadores nessas categorias chegou a 2,2 milhões em 2024, com crescimento de 35% para motoristas e 18% para entregadores.
Contribuição previdenciária entre os trabalhadores de apps
Entre entregadores, 43% não têm contribuição ao INSS, sendo que 5% optam por planos privados de previdência. Uma parcela contribui por outras atividades ou por meio do MEI (Microempreendedor Individual). Já os motoristas apresentam 47% sem cobertura previdenciária, com 7% em planos privados e outros contribuindo via MEI, GPS ou segundo emprego.
Victor Calil informa que muitos trabalhadores não têm renda suficiente ou planejamento para contribuir para a aposentadoria, especialmente os mais jovens, enquanto profissionais acima de 45 anos demonstram maior interesse em poupar. O desconhecimento sobre benefícios previdenciários é recorrente. A maioria dos entregadores relatou já ter sofrido acidentes, mas não buscou auxílio saúde do INSS.