O pastor Silas Malafaia declarou que o relator escolhido na Câmara para tratar do projeto de anistia aos condenados por tentativa de golpe de Estado, Paulinho da Força (SD-SP), não terá a decisão final sobre a proposta sozinho. Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo e influente voz no bolsonarismo, defende um perdão amplo que inclua também o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), contrariando a posição inicial do relator nesta quinta-feira (18/9).
Ele afirmou ao Metrópoles: “Ele pode falar o que quiser, foi nomeado relator do projeto. Quem fala pode dizer o que prefere, e quem escuta nem sempre quer ouvir. Ele pode expressar sua opinião, mas não é ele quem decide sozinho. Há discussão em curso, então isso não é problema. Vamos acompanhar os próximos passos”.
Paulinho da Força foi indicado relator pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), no mesmo dia. Após o anúncio, ele comunicou que não há espaço para pautar uma anistia ampla e irrestrita na Câmara, motivo pelo qual outro projeto foi escolhido para votar com urgência na quarta-feira (17/9).
Ele acrescentou: “Uma anistia geral e sem restrições não tinha chance. Por isso, optamos pelo projeto de Marcelo Crivella, que é um meio termo. Não é aquele texto do líder do PL, Sóstenes Cavalcante, e essa decisão foi aceita por eles. O PT e a esquerda foram contra a proposta inicial aprovada”.
Paulinho da Força completou: “Agora cabe a mim tentar mediar e buscar um consenso. Vou dialogar com todos para que possamos ter um texto que agrade a maioria”.
Ele indicou que a proposta deve focar em redução de penas e apontou que o termo anistia pode ser inadequado. Essa alternativa conta com apoio significativo na Câmara e pode ter suporte do Centrão e até de parte da base governista.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já expressou a aliados que apoia a diminuição do tempo de prisão para os manifestantes do 8 de Janeiro, desde que isso não beneficie Bolsonaro.