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domingo, 07/12/2025

Lula intensifica defesa contra escala 6×1 para eleição de 2026

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Em Brasília

O governo do presidente Lula reforçou recentemente a campanha pelo fim da escala 6×1, tema que avança lentamente no Congresso Nacional. Nos últimos dias, o Palácio do Planalto voltou a destacar sua posição contrária ao atual modelo de folgas, com pronunciamentos do próprio Lula, além de coletivas concedidas pela ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e pelo ministro Guilherme Boulos (Secretaria-Geral da Presidência). Essa articulação também foi acompanhada por uma intensificação do debate nas redes sociais, buscando mobilizar a opinião pública e pressionar os parlamentares.

A proposta contra a escala 6×1 tem como principal defensora a deputada federal Érika Hilton (PSol-SP) e tramita desde o início do ano na Câmara dos Deputados, sendo discutida na Comissão de Trabalho. Apesar de ainda não apresentar avanços decisivos, a pauta recebeu um impulso significativo por parte do governo para garantir maior visibilidade e apoio popular.

Na semana passada, a ministra Gleisi Hoffmann e o ministro Guilherme Boulos participaram de uma coletiva exclusiva para tratar do assunto, reafirmando o posicionamento do Executivo pelo fim da escala 6×1. Boulos destacou que o Executivo foi surpreendido pelo relatório do deputado Luiz Gastão (PSD-CE), relator da proposta, que propõe redução da jornada semanal, mas mantém o regime de apenas um dia de folga por semana.

Segundo Boulos, “é fundamental que o Congresso avance para abolir o sistema de escala 6×1, substituindo-o pelo máximo de 5×2, e também reduzindo a jornada para 40 horas semanais, uma demanda histórica dos trabalhadores brasileiros”.

O deputado Luiz Gastão é o relator da Subcomissão Especial da Escala de Trabalho 6×1, criada para analisar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 8/25, apresentada pela deputada Érika Hilton, que sugere uma jornada máxima de 36 horas semanais, com quatro dias de trabalho seguidos de três dias de descanso.

Embora o relatório tenha sido apresentado recentemente, a votação foi adiada por falta de consenso entre os membros, que solicitaram mais tempo para análise, e ainda não há previsão para nova reunião.

Gastão declarou estar aberto ao diálogo visando conciliar sua proposta com as demandas do governo, ressaltando que, na sua visão, o relatório já encerra a escala 6×1 ao reduzir a jornada para 40 horas semanais. Ele destacou, no entanto, que sua sugestão permite alguma flexibilidade quanto aos momentos de descanso, e ressaltou avanços como a limitação do trabalho a até seis horas nos finais de semana, o pagamento de horas extras com adicional de 100%, e a proibição de trabalhar dois fins de semana consecutivos.

Por outro lado, a ministra Gleisi Hoffmann criticou o projeto, afirmando que apenas reduzir as horas de trabalho não resolve a questão central, que é a alteração do regime de folgas. Para ela, “não adianta apenas reduzir a jornada”, o objetivo do governo é modificar efetivamente a escala de descansos.

A retomada do tema pelo Planalto demonstra que a pauta ganhou prioridade interna, mesmo com uma agenda legislativa bastante cheia. Em maio, Lula já havia abordado a questão em seu discurso no Dia do Trabalhador, defendendo a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil, medida que foi sancionada recentemente, e anunciando a intenção do governo de intensificar o debate sobre a redução da carga horária.

Na ocasião, ele afirmou que “está na hora do Brasil avançar ouvindo todos os setores para garantir melhor qualidade de vida e equilíbrio entre trabalho e descanso dos trabalhadores”.

Mais recentemente, durante reunião do Conselhão em Brasília, Lula voltou a tocar no assunto, ressaltando que, apesar do aumento da produção causado pela automação, as condições de trabalho não melhoraram. Ele defendeu o fim da escala 6×1 como uma questão de justiça social e pediu o apoio dos membros do Conselho, que inclui grandes empresários brasileiros, para encontrar soluções viáveis.

“Se vocês me derem um conselho, eu faço. Como vocês são conselheiros, dêem um conselho para acelerar o fim da escala 6×1 e garantir uma jornada melhor para o povo”, declarou o presidente.

O setor produtivo, por sua vez, manifestou preocupação com a possibilidade de redução da jornada sem ganhos reais de produtividade. A Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) emitiu nota destacando que isso poderia prejudicar a competitividade das empresas, reduzir empregos e afetar o poder de compra das famílias. A entidade lembra que o Brasil enfrenta estagnação econômica e precisa avançar em inovação, qualificação e melhora do ambiente de negócios para preservar empregos e incentivar investimentos.

Para o governo, o apoio popular é um importante elemento para o avanço da pauta. Pesquisa da Nexus divulgada em abril indicou que 65% dos brasileiros aprovam a redução da jornada e o fim da escala 6×1, um sentimento presente em diferentes regiões e faixas etárias, associado a uma melhoria na qualidade de vida, com mais tempo para a família, lazer e estudo.

Nas redes sociais, a estratégia do governo incluiu publicações que ressaltam a importância de uma jornada digna e adequada, com imagens relacionadas à vida dos trabalhadores, transporte público e momentos de lazer. Um dos posts destacou que, trabalhando na escala 6×1, as pessoas passam 2.288 horas no ano trabalhando, enquanto na escala 5×2 seriam 2.080 horas.

Apesar de toda essa movimentação, a expectativa é que a votação da proposta só ocorra em 2026, visto que o ano legislativo está próximo do recesso e o Congresso tem outras matérias prioritárias para tratar.

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