MARIANA BRASIL e RICARDO DELLA COLETTA
BRASÍLIA, DF – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva publicou um artigo criticando o aumento das tarifas comerciais entre países, um dia após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar uma sobretaxa de 50% sobre produtos do Brasil. O artigo foi divulgado em nove países.
“A lei do mais forte põe em risco o sistema de comércio entre nações. Tarifas altas prejudicam as cadeias de produção e levam a economia mundial a uma fase de preços elevados e estagnação”, afirmou Lula no texto em inglês.
Sem citar Trump diretamente, Lula mencionou a queda da atuação da Organização Mundial do Comércio (OMC) e a falta de avanços nas negociações comerciais globais, como a Rodada de Doha.
Em entrevista à Rede Record, Lula falou sobre a possibilidade de o Brasil recorrer à OMC contra as tarifas americanas, mas destacou que uma ação teria efeito simbólico, já que a organização está paralisada devido ao boicote dos EUA.
O artigo foi publicado em jornais da China, Argentina, Inglaterra, Japão, Itália, Espanha, Alemanha, França e México.
Lula também criticou a falta de ação dos países diante de confrontos, referindo-se à situação na Faixa de Gaza.
“Não agir diante do genocídio em Gaza é negar os valores básicos da humanidade. A incapacidade de resolver diferenças aumenta a violência no Oriente Médio, incluindo os ataques ao Irã.”
Ele ressaltou que, apesar de termos como ‘desglobalização’ estarem sendo usados com frequência, não é possível separar nosso mundo compartilhado. Nenhum muro pode garantir paz e prosperidade em meio à violência e pobreza ao redor.
Lula concluiu com um apelo ao multilateralismo e destacou a falta de liderança conjunta no cenário internacional.
“Se as organizações internacionais parecem ineficientes, é porque não refletem a realidade atual. Medidas isoladas pioram a falta de coordenação global. A solução não é abandonar o multilateralismo, mas reconstruí-lo com bases inclusivas e justas”, escreveu o presidente.