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terça-feira, 09/12/2025

Investimento de R$ 8,5 bilhões para biometano feito do lixo nos próximos 5 anos

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FERNANDA MENA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Empresas que cuidam do lixo urbano e têm aterros sanitários no Brasil vão investir R$ 8,5 bilhões nos próximos quatro anos para construir usinas que produzem biometano, segundo a Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema).

Hoje, o Brasil possui nove usinas que transformam o lixo dos aterros em biometano, e outros 15 projetos estão em avaliação pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) em várias regiões do país.

Esse investimento cresceu após a aprovação, em 2024, da lei do combustível do futuro (14.993/2024), que incentiva o uso de energias renováveis para substituir os combustíveis fósseis. A lei obriga a substituir 1% do gás natural fóssil por gás renovável a cada ano, durante 10 anos.

Pedro Maranhão, presidente da Abrema, afirma que a lei criou um mercado que ajuda a reduzir a emissão de carbono e representa uma mudança importante para o setor.

O biometano é uma fonte de energia limpa que pode substituir o gás natural fóssil, sendo usado em veículos, indústrias, residências e na geração de eletricidade.

Pedro Maranhão explica que estão incentivando as empresas a transformarem usinas de biogás em usinas para produzir biometano.

O biogás é capturado do metano liberado pela decomposição do lixo nos aterros. Após um processo de limpeza, esse biogás vira biometano.

O Brasil é um dos maiores emissores mundiais de metano, um gás que aquece o planeta muito mais que o dióxido de carbono. Capturar e transformar esse gás em biometano ajuda a combater o aquecimento global, substituindo o gás natural fóssil.

Em 2024, o país produziu 81,5 milhões de metros cúbicos de biometano, 8,9% a mais que em 2023, segundo o Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis 2025.

Sua capacidade atual de produção (600 mil metros cúbicos por dia) atende o equivalente ao consumo de 250 mil carros a cada 15 dias, ou 1,2 milhão de botijões de gás por mês. Em Fortaleza, 25% do gás utilizado já vem de aterros sanitários.

Em 2024, o Brasil gerou 81,6 milhões de toneladas de lixo urbano, mas só 3,2% dele foi usado para fazer biometano, conforme o Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil 2025.

Se aproveitarmos melhor a estrutura existente, poderíamos atender até 5% da demanda nacional por gás natural, que é de 58,4 milhões de metros cúbicos por dia, segundo o Ministério de Minas e Energia.

Pedro Maranhão ressalta que o setor tem grande potencial e compara os aterros sanitários a poços de petróleo verdes, com grande capacidade para gerar o que chamam de combustível do futuro. O Brasil pode se destacar na produção de energia renovável assim como a Arábia Saudita é referência no petróleo fóssil.

Atualmente, 11,7% do lixo urbano produzido no Brasil é reaproveitado para gerar energia, sendo 8,06% para energia elétrica, 3,2% para biometano, 0,05% para combustível derivado de resíduos e 0,35% para reciclagem orgânica.

Pedro Maranhão alerta que essa é a agenda moderna do setor de resíduos, mas ainda convivemos com práticas antigas, pois cerca de 3 mil lixões seguem em operação no país.

A Abrema está trabalhando com o Ministério Público e Tribunal de Contas para pressionar prefeituras a fecharem lixões e destinarem o lixo para aterros sanitários.

Segundo o Panorama, se todas as cidades com mais de 320 mil habitantes usassem aterros sanitários com capacidade para biometano, a produção diária poderia alcançar 2,86 milhões de metros cúbicos — mais de cinco vezes a capacidade atual autorizada.

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