Em abril, Fernando Fernandes desembolsou quase dobro do total de fevereiro em verba indenizatória. Deputada Jaqueline Silva também aumentou gastos; demais parlamentares diminuíram valores.
Mesmo em “home office” por conta da pandemia do novo coronavírus, dois deputados distritais aumentaram os gastos com verba indenizatória – dinheiro que serve para custear combustível, aluguel de carro, de imóvel para parlamentares.
Segundo dados da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), em abril, o distrital Fernando Fernandes (Pros) aumentou em 97% o gasto com combustíveis. Já a deputada Jaqueline Silva (PTB) pagou R$ 7 mil em trabalhos de divulgação.
Todos os demais parlamentares da Câmara Legislativa do DF reduziram as despesas pagas com verba indenizatória nesse período (veja mais abaixo).
Em nota, Fernando Fernandes disse que gastou mais com combustível porque está fiscalizando as ações do governo do DF e promovendo ações sociais. Já Jaqueline Silva afirmou que o gasto com divulgação foi necessário para adequar a novas formas de prestação de contas.
Gastos com combustíveis
De acordo com as notas ficais disponíveis no site da CLDF, em abril, os deputados distritais gastaram R$ 92.005,01 em verba indenizatória. O total representa redução de 19% em relação a fevereiro, quando as despesas somaram R$ 113.183,10.
Na contramão, no entanto, o deputado Fernando Fernandes gastou R$ 1.050,87 com combustíveis. O valor é quase o dobro do total gasto com a mesma despesa em fevereiro (R$ 531,74).
As notas ficais que estão no site da CLDF mostram que o parlamentar abasteceu nove vezes ao longo de abril. No total, foram 298 litros de gasolina.
A quantidade é suficiente para rodar 3.463,84 quilômetros. Segundo o regulamento, os assessores também têm direito a usar a verba indenizatória de combustível.
Em nota, o parlamentar disse que gastou mais porque está fiscalizando as medidas do GDF e promovendo ações sociais, como entrega de cestas básicas para moradores de regiões de baixa renda. Ainda segundo o deputado, as sessões remotas das quais ele participa são transmitidas, geralmente, de dentro do gabinete dele na CLDF.
Divulgação
Outro caso de aumento de gastos é o da deputada distrital Jaqueline Silva (PTB), que passou de R$ 4.356,08 em fevereiro, para R$ 7 mil em abril, o que representa um acréscimo de 61%.
Segundo as informações que a parlamentar apresentou à CLDF, o valor foi pago para uma assessoria fazer divulgação do trabalho dela.
À reportagem, a parlamentar informou que fez corte no uso de combustíveis e que não gastou nada com consultoria e aluguel de carros e imóveis, por exemplo. No entanto, disse que o gasto com divulgação da atividade parlamentar foi necessário porque ela precisou se adequar a novas formas de prestação de contas, para dar transparência aos trabalhos que realiza.
‘Gastos suspeitos’
Para o integrante do Observatório Social de Brasília, Fernando Brandão, o aumento de gastos do tipo é suspeito.
“O alto gasto com aluguel de veículo e com combustível de alguns deputados, mesmo em durante a pandemia do coronavírus, reforça a suspeita da sociedade de que a verba indenizatória possa estar sendo desviada para outros fins.
“”É por isso, que o observatório social de Brasília reforça a importância da transparência e a investigação desses gastos suspeitos”, afirmou Brandão.
O presidente do Observatório Político e Socioambiental, Lúcio Duarte Batista, critica o uso de verba indenizatória durante a pandemia.
“A verba indenizatória é um recurso público financeiro já bastante questionando no Brasil inteiro e é muito intrigante que a gente veja deputados distritais que, em plena pandemia, em pleno home office, consigam aumentar os seus gastos.”