SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O dólar iniciou a sexta-feira (4) em alta, depois de atingir seu menor patamar em mais de um ano no dia anterior. O mercado financeiro segue atento à aprovação do orçamento nos Estados Unidos e aguarda atualizações sobre as negociações comerciais entre o país e outras nações.
Às 9h04, a moeda estadunidense valorizava 0,24%, negociada a R$ 5,4175. Na semana, acumula recuo de 1,2%. Hoje, o mercado financeiro dos EUA permanece fechado em razão do feriado nacional do Dia da Independência.
Na quinta-feira, o dólar caiu 0,22%, a R$ 5,404 — seu valor mais baixo em mais de um ano — enquanto a Bolsa de Valores subiu 1,34%, alcançando 140.927 pontos, estabelecendo novo recorde.
O índice Ibovespa registrou forte alta desde a manhã, impulsionado pelo otimismo global após dados de emprego nos EUA superarem as expectativas, diminuindo receios de desaceleração econômica. O país criou 147 mil vagas em junho, segundo relatório “payroll” divulgado esta manhã, número superior aos 144 mil de maio e acima das previsões de 110 mil vagas feitas por economistas consultados pela Reuters.
A taxa de desemprego caiu inesperadamente para 4,1%, contrariando a expectativa de alta para 4,3%.
O relatório indica um mercado de trabalho estável. Paralelamente, solicitações iniciais de auxílio-desemprego tiveram queda, chegando ao nível mais baixo em seis semanas, totalizando 233 mil pedidos, abaixo da previsão de 240 mil.
Esses dados modificaram as expectativas sobre a política monetária do Federal Reserve (Fed). Até recentemente, parte do mercado acreditava em início de cortes na taxa de juros, atualmente entre 4,25% e 4,5%, já na próxima reunião de julho. Com o relatório do payroll, as previsões indicam que o primeiro corte ocorra somente em setembro.
André Valério, economista sênior do Inter, comenta: “Ainda não há sinais claros do impacto das tarifas sobre a economia americana, porém não se pode descartar que isso apareça nos próximos meses, o que deverá manter o Fed cauteloso na próxima reunião”.
“Indicadores anteriores sugerem possível efeito negativo tardio no emprego. Pronosticamos que a situação ficará mais definida até setembro.”
A expectativa por um corte em setembro persiste mesmo se as tarifas não afetarem indicadores econômicos. Conforme Valério, é provável que o Fed adote uma política de “corta e espera”, pulando novembro e retomando cortes em setembro.
“O dado positivo fomentou o apetite a risco globalmente, beneficiando o Ibovespa e o real neste pregão”, relata Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad.
Devido ao feriado americano, o relatório payroll foi divulgado um dia antes do habitual, já que os mercados estão fechados desde as 14h de quinta.
Além dos indicadores, as negociações tarifárias entre os EUA e seus parceiros comerciais também atraem atenção, com o prazo para acordo se encerrando na próxima quarta-feira, 9 de julho. A intenção é evitar elevação das tarifas de importação. Ultrapassado o prazo, as tarifas mais altas impostas em 2 de abril poderão retornar.
O presidente Donald Trump indicou que não deve estender o prazo, embora os acordos alcançados durante a trégua de 90 dias estejam aquém do esperado.
Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, explica: “Houve um memorando formal com o Reino Unido, limitado a setores específicos, e uma trégua temporária com a China, ainda em negociação. Não observamos grandes avanços, o que pode levar Trump a ampliar o prazo”. Outro acordo com o Vietnã foi anunciado recentemente.
Funcionários do comércio dos EUA têm flexibilizado as metas para garantir o maior número possível de acordos, segundo reportagem do Financial Times. Essa postura representa um recuo da Casa Branca, que previa 90 entendimentos nos 90 dias, oferecendo a chance de firmar acordos mais modestos, passíveis de ampliação futura.
O governo busca um “princípio de acordo” com países em negociações avançadas. Acordos nesse formato evitarão tarifas mais pesadas, mantendo a alíquota atual de 10% enquanto temas complexos permanecem sob discussão.
Internamente, o IOF segue no centro do debate. Apesar da resistência de parte do governo e do PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu recorrer à Justiça para tentar reativar o decreto derrubado pelo Congresso.
A Advocacia-Geral da União (AGU) protocolou ação no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando a constitucionalidade da decisão legislativa, embasada em análise técnica e jurídica.
Jorge Messias, advogado-geral da União, disse: “Nosso estudo técnico concluiu que a medida do Congresso Nacional violou o princípio da separação dos Poderes”.