O dólar está mais barato nesta quarta-feira (5), enquanto a bolsa de valores brasileira ultrapassa 151 mil pontos, atingindo um novo recorde. Isso acontece porque os investidores estão atentos à decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central sobre a taxa de juros e aos dados recentes referentes ao emprego nos Estados Unidos.
Até as 11h41, o dólar tinha caído 0,5%, cotado a R$ 5,371. Por outro lado, a bolsa avançou 0,55%, chegando a 151.543 pontos, com pico de 151.693 pontos durante o pregão.
O Copom divulgará sua decisão sobre a taxa Selic após o fechamento dos mercados. A expectativa geral é que a taxa se mantenha em 15% ao ano, segundo a maioria das instituições consultadas. Entretanto, o que chama atenção é a comunicação do comitê, que provavelmente evitará indicar quando começará a reduzir os juros. O mercado aposta que os cortes só comecem em 2026, considerando a melhora nas projeções de inflação.
Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central e consultor, acredita que o Copom reconhecerá o cenário econômico positivo recente, mas adotará uma postura cautelosa para conter a euforia no mercado financeiro.
A inflação prevista para 2026 caiu de 4,3% para 4,2% e para 3,8% em 2027, enquanto o Banco Central tem como meta central 3%, com intervalo de tolerância entre 1,5% e 4,5%.
No mercado de câmbio, um diferencial alto entre as taxas de juros do Brasil e dos Estados Unidos favorece o real, especialmente quando os juros americanos caem, como nas últimas reuniões do Federal Reserve, e a Selic permanece alta. Esse cenário incentiva os investidores a pegarem empréstimos em dólares a baixo custo para investir no Brasil, valorizando nossa moeda e desvalorizando o dólar.
Com a paralisação do governo dos EUA, os dados econômicos oficiais estão suspensos, tornando os relatórios alternativos, como o da ADP sobre o emprego no setor privado, ainda mais importantes. O relatório divulgado mostrou a criação de 42 mil vagas em outubro, superando as expectativas e indicando uma desaceleração gradual da economia.
Leonel Mattos, analista da StoneX, diz que esses números indicam resiliência da atividade econômica e diminuem a urgência que o Fed tinha para cortar juros.
Na última reunião, o Fed reduziu a taxa em 0,25 ponto percentual pela segunda vez consecutiva, deixando-a entre 3,75% e 4%. Contudo, não há garantia de novos cortes tão cedo. O presidente Jerome Powell ressaltou que decisões para dezembro ainda estão em debate e aconselhou cautela devido à incerteza econômica causada pela falta de dados oficiais.
Essa postura tem levado investidores a apostar menos em cortes de juros em dezembro, valorizando os títulos do Tesouro americano e fortalecendo o dólar globalmente.
João Soares, da Rio Negro Investimentos, concorda que o mercado está menos otimista com cortes agressivos, mantendo os juros americanos competitivos.
Segundo a ferramenta FedWatch, há uma chance de 71% de um corte de 0,25 ponto percentual na reunião do Fed em 10 de dezembro.
