CONSTANÇA REZENDE
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
O deputado federal Euclydes Pettersen (Republicanos-MG) foi identificado como ‘herói’ em documentos apreendidos pela Polícia Federal durante investigações sobre descontos irregulares em aposentadorias do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Segundo a Polícia Federal, Euclydes recebia pagamentos mensais por meio das empresas controladas pelo empresário Cícero Marcelino de Souza Santos, considerado o operador financeiro da fraude.
Esses pagamentos visavam garantir proteção política ao grupo envolvido, impedindo fiscalizações e mantendo o contrato com o INSS.
A análise feita pela polícia detectou pagamentos frequentes para empresas e pessoas ligadas ao deputado, coincidindo com a liberação de pagamentos do INSS ao grupo.
O parlamentar teria recebido pelo menos R$ 14 milhões em transferências feitas de forma fracionada, envolvendo empresas intermediárias e Carlos Ferreira Lopes, presidente da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer).
A Polícia Federal aponta Euclydes como peça chave do esquema, pois ele tinha influência sobre Lopes e na indicação de pessoas para cargos no INSS.
Ele era o principal beneficiado na lista de pagamentos ilegais. Em um pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal solicitou monitoramento por tornozeleira eletrônica e fiança no valor de R$ 14,7 milhões, recomendando ainda a suspensão das funções parlamentares caso a fiança não fosse paga.
O valor da fiança representa a quantia mínima vinculada aos desvios feitos sobre os benefícios dos aposentados e pensionistas.
O ministro André Mendonça, do STF, acompanhou o Ministério Público Federal e rejeitou o pedido de monitoramento e a fiança, argumentando que não há sinais de que os investigados tentam atrapalhar as investigações, e que outras medidas poderão garantir a segurança do processo.
Mensagens de WhatsApp entre o empresário Cícero Marcelino e o presidente do Instituto Terra e Trabalho, Vinícius Ramos da Cruz, mostram compromisso em encontrar informações para pagamentos destinados ao deputado.
Após o envio de dados bancários do parlamentar, recursos desviados seriam transferidos via Conafer e distribuídos entre beneficiários do esquema.
Euclydes era considerado o representante político da Conafer nas reuniões com o INSS, segundo relatos da Folha.
Em buscas feitas em endereços do deputado nesta quinta-feira (13), ele afirmou em nota que a operação representa, para alguns, um fim e, para outros, uma liberdade, destacando que já foi alvo de duas operações anteriores, das quais saiu absolvido ou sem denúncias aceitas por falta de provas.
O parlamentar reafirmou seu apoio às autoridades competentes e se colocou à disposição para fornecer esclarecimentos, além de afirmar confiança na justiça e na relevância de investigações sérias, legais e transparentes.
