O líder espiritual Dalai Lama afirmou nesta segunda-feira (30/6) que escolherá um sucessor após sua morte para manter sua luta pela liberdade do Tibete. A declaração foi feita durante as comemorações organizadas em seu refúgio no norte da Índia, em celebração ao seu 90º aniversário em 6 de julho.
Vestido com sua tradicional túnica marrom e amarela, o líder apareceu diante de milhares de membros da comunidade tibetana e apoiadores do mundo todo, reunidos em seu mosteiro em McLeod Ganj.
Dalai Lama declarou: “Tenho 90 anos, mas continuo bem fisicamente. Enquanto viver, continuarei me dedicando, tanto quanto puder, ao bem-estar dos outros.”
Ele anunciou que poderá indicar seu sucessor já nesta quarta-feira (2), afirmando: “Podemos discutir a continuidade da instituição do Dalai Lama.”
Nascido em 6 de julho de 1935, Tenzin Gyatso, seu nome civil, foi reconhecido aos 2 anos como o 14º líder espiritual e político dos tibetanos, identificado pela tradição budista como reencarnação de seu predecessor.
Desde que fugiu do Tibete em 1959, após a repressão chinesa, o Dalai Lama reside principalmente em McLeod Ganj, no Himalaia, Índia.
A escolha do próximo Dalai Lama é delicada, pois há suspeitas de que a China, que controlou o Tibete desde 1950, possa tentar nomear um sucessor sob sua influência.
Dalai Lama, considerado separatista por Pequim, já descartou a possibilidade de que a China nomeie seu sucessor.
Mundo livre
O líder espiritual prometeu que seu sucessor será necessariamente “nascido no mundo livre”. Em 1995, a China sequestrou um menino de 6 anos que havia sido reconhecido pelo Dalai Lama como o Panchen Lama, segunda figura religiosa mais importante do Tibete, e indicou seu próprio candidato, rejeitado pelos tibetanos como o “falso Panchen”.
Embora tenha sugerido que poderia ser o último da linhagem, a maioria dos tibetanos apoia a continuidade do ciclo de reencarnação.
“O ciclo de reencarnação de Sua Santidade deve continuar”, disse Sakina Batt, ex-funcionária pública que vive no Nepal. “O futuro dos tibetanos depende de sua unidade e resiliência.”
Em 2011, o Dalai Lama renunciou ao poder político, transferindo-o a um primeiro-ministro eleito da diáspora e a um governo, mas permanece como símbolo da luta pela autonomia do Tibete.
Grupos de monges, vestidos de vermelho, celebraram sua vida com cantos: “Oferecemos nossas fervorosas devoções para que Tenzin Gyatso, protetor da Terra das Neves, viva por muitos séculos.” As comemorações devem continuar até o final da semana.