Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados na última quinta-feira (28/11), indicam que as contratações de jovens até 24 anos aumentaram 122% em outubro. De acordo com o levantamento, jovens entre 18 e 24 anos preencheram mais de 80 mil das 85 mil vagas criadas no mês.
Segundo o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, esse crescimento expressivo pode ser explicado pela busca das empresas por mão de obra mais acessível, que geralmente possui menor qualificação.
Para a subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho, Paula Montagner, esse fenômeno é típico do final do ano, quando o comércio varejista e o setor de serviços são impulsionados por eventos como Natal e Black Friday.
Ela ressalta que muitos empresários demitem funcionários para contratar pessoal com salário menor neste período. A maior parte desses trabalhadores contratados atua em jornada reduzida, de 30 horas ou menos. Em outubro, 110 mil pessoas foram admitidas neste regime, enquanto 99 mil foram demitidas, resultando em um saldo positivo de 10 mil empregos.
Além disso, para conter custos, as contratações temporárias são comuns, o que provoca um aumento nas demissões nos meses de janeiro e fevereiro.
Os dados indicam que a maioria das contratações entre jovens até 24 anos e adolescentes até 17 anos ocorreu no setor de serviços, com mais de 54 mil oportunidades, seguida pelo comércio, com mais de 32 mil vagas, e pela indústria de transformação, com mais de 10 mil novas posições.
Observa-se ainda que a maior parte das admissões foi feminina, com cerca de 65 mil contratações, contra 19 mil masculinas. No setor de serviços, 52 mil mulheres foram admitidas. Também nas contratações temporárias, as mulheres foram maioria, representando 48 mil admissões contra 47 mil masculinas.
Motivos para o aumento das contratações de jovens em outubro
- Crescimento de 122% nas contratações de jovens até 24 anos;
- 80 mil das 85 mil vagas criadas foram preenchidas por jovens entre 18 e 24 anos;
- Empresas buscam mão de obra mais econômica e com menor qualificação;
- O final do ano traz maior demanda nos setores de serviços e comércio.
Paula Montagner destaca que o perfil das contratações nesta época do ano está associado a trabalhadores jovens, com pouca experiência e menor custo, frequentemente com contratos temporários ou de meio período.
Dos 85 mil admitidos em outubro, poucos — cerca de 4 mil — têm ensino superior completo. Também é relevante a diversidade entre os contratados, com 15 mil que se declararam pretos e 2 mil brancos.
Principais grupos profissionais que mais contrataram em outubro:
- Serviços e vendedores do comércio, com 60 mil vagas;
- Serviços administrativos, com 34 mil vagas;
- Técnicos de nível médio, com 9 mil vagas;
- Profissionais das ciências e artes, com 4 mil vagas;
- Trabalhadores da indústria de produção de bens e serviços, com 3 mil vagas.
Contexto geral do mercado de trabalho em outubro
No total, o Brasil criou 85.147 novas vagas formais em outubro, uma cifra que representa o menor volume desde março de 2025, quando foram gerados 79 mil novos empregos.
De acordo com o ministro Luiz Marinho, o aumento nas taxas de juros tem freado o crescimento econômico do país, reduzindo investimentos e, consequentemente, a geração de empregos.
Variação nas atividades econômicas:
- Serviços: saldo positivo de 82.436 novas vagas, impulsionado por informação, comunicação e atividades financeiras;
- Comércio: criação de 25.592 postos, especialmente no varejo;
- Construção Civil: redução de 2.875 postos;
- Agropecuária: queda de 9.917 postos;
- Indústria: diminuição de 10.092 postos.