O corpo humano não precisa esperar uma infecção para começar a se proteger. Pesquisas recentes mostram que apenas observar alguém doente já ativa o sistema imunológico, que inicia mecanismos para evitar a contaminação.
Um estudo recente conduzido por cientistas suíços, divulgado na Nature Neuroscience em 28 de julho, indica que sinais visuais de doença provocam reações antecipadas no cérebro e no sistema imunológico, sem a necessidade de contato físico com o agente infeccioso.
Na pesquisa, 41 voluntários observaram imagens em realidade virtual de pessoas com sintomas típicos de gripe. Durante esse experimento, o eletroencefalograma e a ressonância magnética monitoraram a resposta cerebral dos participantes.
Ao ver imagens de pessoas espirrando, os cérebros dos voluntários ativaram redes neurais associadas à detecção de perigo, preparando biologicamente o corpo para uma possível infecção.
Essa reação também estimulou células linfoides inatas, que funcionam como a primeira linha de defesa contra infecções reais. Somente perceber o risco provocou aumento da atividade das células de defesa no sangue.
Como o sistema imunológico funciona?
O sistema imunológico é composto por células, tecidos e órgãos que identificam e eliminam microrganismos invasores, além de ajudar na regeneração do corpo.
Ele se divide em imunidade inata e adaptativa: a primeira responde rapidamente a ameaças sem especificidade, enquanto a segunda aprende e armazena informações sobre invasores específicos.
Linfócitos produzem anticorpos contra agentes invasores, criando memória para proteger o organismo contra futuras infecções.
Para fortalecer as defesas do corpo, é importante manter uma alimentação rica em vitaminas C, D e zinco, ter um sono de qualidade, hidratar-se adequadamente, praticar exercícios e controlar o estresse.
Cérebro alerta antes do contato físico
O estudo também avaliou sensações como medo e nojo ao ver avatares infectados. Os participantes reagiam rapidamente a toques simulados no rosto enquanto assistiam aos vídeos, indicando um estado de alerta e estresse.
Segundo os pesquisadores, essa antecipação prepara o corpo para enfrentar ameaças biológicas.
Reações semelhantes em outras espécies
Outra pesquisa liderada pela bióloga portuguesa Patrícia Lopes em 2023 mostrou que animais saudáveis também se protegem ao ver outros doentes. Por exemplo, fêmeas de codorna que convivem visualmente com indivíduos doentes ajustam reproduções para evitar colocar a prole em risco.
Essa vigilância teria evoluído como um instinto coletivo para aumentar a sobrevivência contra patógenos desde as primeiras espécies animais.
Defesa iniciada no sistema nervoso
É conhecido que estímulos nervosos, e não só o contato direto com patógenos, acionam as defesas do organismo. Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, publicados em Brain, Behavior, and Immunity, demonstraram que o nervo esplâncnico regula a ação das primeiras células de defesa nos locais de infecção.
Alexandre Steiner, líder do estudo, afirma que a descoberta pode levar a terapias personalizadas para fortalecer a resposta imune minimizando efeitos colaterais.
Manter a imunidade em dia
A imunidade depende de vários fatores. O infectologista Marcelo Cordeiro, consultor do Sabin, recomenda alimentação balanceada, exercícios regulares e boa qualidade de sono.
Também é essencial manter a vacinação atualizada e procurar atendimento médico rapidamente em caso de sintomas ou riscos de infecção.