A decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de indicar o filho Flávio Bolsonaro como candidato à presidência pelo PL impacta significativamente a disputa pelo Planalto em 2026. Essa escolha também influencia o futuro do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e cria dilemas para outros pré-candidatos da direita: os governadores Ratinho Jr. (PSD), do Paraná; Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás; e Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais.
Ao contrário de Tarcísio, que finalizará o primeiro mandato no próximo ano e pode focar na reeleição, os demais vão completar oito anos à frente de seus estados e precisarão buscar outros cargos para continuar no cenário político com mandato. A preferência por Flávio Bolsonaro reduz o espaço para quem deseja concorrer ao Planalto na direita, tornando o Senado uma opção menos conturbada para uma candidatura conservadora.
Nenhum desses pré-candidatos indicou desistência até o momento, pois ainda é incerto o sucesso da candidatura de Flávio Bolsonaro. O grupo aguardava ao menos um apoio indireto do ex-presidente, que atualmente está preso na Superintendência da PF em Brasília, cumprindo pena por liderar uma tentativa golpista contra a vitória eleitoral de Lula em 2022.
Ronaldo Caiado declarou respeito à decisão do ex-presidente, afirmando que mantém sua pré-candidatura e confia na possibilidade de derrotar o PT nas próximas eleições, devolvendo o Brasil aos brasileiros.
Outro governador da direita que não deve ser afetado pela entrada de Flávio Bolsonaro na disputa é o gaúcho Eduardo Leite (PSD), que já não recebeu apoio bolsonarista e busca uma posição mais centrista.
Pesquisas recentes
Embora Flávio Bolsonaro ainda não tenha sido testado em pesquisas eleitorais principais, o peso do sobrenome Bolsonaro pode ser avaliado indiretamente. Segundo pesquisa Datafolha divulgada em 6 de dezembro, o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceria em segundo turno todos os candidatos testados, com vantagem mais apertada contra Tarcísio de Freitas (5 pontos). Contra Michelle Bolsonaro a diferença seria de 7 pontos, e contra Flávio Bolsonaro, 15 pontos.
Levantamento da Atlasintel mostra que Lula venceria por margem estreita ao enfrentar os nomes de Jair e Michelle Bolsonaro (49% a 47%). Tarcísio tem desempenho semelhante. Os demais pré-candidatos à direita pontuam pior contra o petista: Romeu Zema e Ronaldo Caiado perderiam por 49% a 41%, e Ratinho Jr. por 49% a 40%.
Impacto político e reações
Além de Tarcísio, a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro, presidente do PL Mulher, também fica com menos opções após a candidatura de Flávio ser oficializada, devendo focar numa vaga ao Senado pelo Distrito Federal.
O Centrão não recebeu bem a escolha de Flávio Bolsonaro, preferindo apoiar a candidatura de Tarcísio de Freitas, vista como mais competitiva devido à rejeição ao sobrenome Bolsonaro. A decisão do ex-presidente não foi amplamente celebrada além de Valdemar Costa Neto, líder do PL, e no Centrão o sentimento é de aguardar o impacto dessa escolha entre o eleitorado e a capacidade do senador de manter-se competitivo durante a campanha desgastante.
A decisão também provocou reação negativa no mercado financeiro, com a Bolsa caindo e o dólar subindo logo após o anúncio, indicando incerteza econômica em face da notícia.

