A ligação de Brasília com o mundo dos carros de corrida começou antes mesmo da cidade existir. Durante o planejamento da nova capital, o presidente Juscelino Kubitschek já via nos carros e na velocidade um sinal de desenvolvimento. Em 1958, Joaquim Tavares, diretor da Novacap, propôs uma corrida na Avenida do Contorno, atualmente Estrada Parque do Contorno, embora essa corrida não tenha acontecido naquele ano.
Juscelino Kubitschek manteve vivo o interesse pelo esporte e no dia da inauguração da capital, 23 de abril de 1960, incluiu o Grande Prêmio Juscelino Kubitschek na programação oficial. O percurso, desenhado pelo próprio presidente, ligava a Praça dos Três Poderes à Rodoviária do Plano Piloto pelo Eixão Sul.
Cinquenta e cinco pilotos participaram da prova, que foi vencida por Jean L. Lacerda, recebendo o troféu das mãos de Juan Manuel Fangio, cinco vezes campeão mundial de Fórmula 1. A partir daí, Brasília passou a ser palco de corridas de rua, como as provas de 500 km e 1.000 km, aproveitando as avenidas largas criadas por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer.
Para o ex-piloto e jornalista João Luiz da Fonseca, “Brasília, desde o começo, já era uma pista de corrida, uma cidade feita para correr”.
O nascimento do Autódromo
O automobilismo na capital se consolidou em 1974, com a inauguração do Autódromo Internacional de Brasília. Construída entre 1972 e 1974, durante o governo de Hélio Prates e o período de grande crescimento econômico do país, a pista ganhou força também graças ao piloto Emerson Fittipaldi, campeão mundial naquela época.
O historiador Elias Manoel da Silva, do Arquivo Público do Distrito Federal, explica que o autódromo simbolizava essa modernidade buscada pelo Brasil. Na corrida de inauguração, Fittipaldi foi o vencedor, e nas áreas técnicas estava Nelson Piquet, que ainda trabalhava como mecânico e que mais tarde se tornaria tricampeão mundial, dando nome à pista.
Segundo o historiador Victor Hugo Tambeline, “foram necessários 14 anos para que o autódromo fosse definitivamente estabelecido. Infelizmente, Juscelino Kubitschek não viu seu sonho realizado, mas essa história é marcada por grandes nomes do automobilismo, como Fittipaldi, Piquet e Senna.”
Da construção à reabertura
O projeto do autódromo, desenvolvido pelo engenheiro Samuel Dias e executado pelo DER-DF, foi inspirado em pistas internacionais observadas no Grande Prêmio da Argentina de 1972. Com 5.384 metros, a pista era considerada moderna e rápida na época.
Depois de mais de uma década fechado, o Autódromo Nelson Piquet está passando por uma reforma de R$ 60 milhões e será reaberto em 30 de novembro de 2025, data que marca também o retorno da Stock Car a Brasília, assim como ocorreu em 1974 após o GP de Interlagos.
O superintendente do Arquivo Público do Distrito Federal, Adalberto Scigliano, destaca que a reabertura é um marco importante: “O autódromo estava fechado há cerca de 11 anos e agora a população terá acesso novamente a um espaço de grande importância histórica e cultural para Brasília, resgatando a memória e o sentimento de pertença. “
Com informações da Agência Brasília.
