Douglas Gavras
Buenos Aires, Argentina (FolhaPress)
Paraguai e Argentina firmaram um pacto para avaliar a possibilidade do gasoduto Bioceânico, que tem potencial para transportar gás natural desde o campo de Vaca Muerta, na Patagônia argentina, até o Paraguai e, subsequentemente, ao Brasil.
Esse compromisso foi assinado durante a cúpula do Mercosul que ocorreu até quinta-feira (3), em Buenos Aires, e prevê a criação de uma equipe técnica para examinar a viabilidade do gasoduto através da região do Chaco paraguaio.
O acordo foi selado por membros dos ministérios de Obras Públicas, Indústria e Comércio e Economia de ambos os países.
Os especialistas irão avaliar se é possível construir um gasoduto passando pelo Chaco, acompanhando a Rota Bioceânica.
Essa iniciativa coroa um entendimento prévio com o Brasil, que está em busca de alternativas para importar gás da Argentina, diante da diminuição das reservas bolivianas.
O gasoduto tem como objetivo ligar os campos de gás argentinos aos mercados do centro-oeste brasileiro, utilizando o Paraguai como corredor energético.
A proposta é utilizar a infraestrutura existente do Gasoduto Norte, na Argentina, e expandi-la com um ramal pela província de Salta, entrando no Paraguai, passando por Mariscal Estigarribia e chegando até Porto Murtinho e Campo Grande (no Mato Grosso do Sul), onde se conectaria ao gasoduto existente que vem da Bolívia.
Segundo o governo paraguaio, além de reforçar a integração entre os três países do Mercosul, o projeto pode atrair investimentos, gerar empregos e fomentar o desenvolvimento econômico no Chaco.
A equipe técnica será liderada por representantes dos ministérios da Economia e Obras Públicas dos dois países, e as reuniões acontecerão virtualmente.
O gasoduto, quando concluído, terá o potencial de promover o desenvolvimento abrangente do Chaco paraguaio, interligando infraestruturas essenciais, atraindo indústrias que dependem do gás natural e posicionando a região como um importante polo produtivo, conforme comunicado do Ministério de Obras Públicas do Paraguai.
Além disso, o grupo poderá investigar outras reservas de gás para integrar o corredor energético regional.
Em 2024, o Brasil firmou um acordo com a Argentina para importar gás de Vaca Muerta, mesmo com divergências políticas entre o presidente Lula (PT) e Milei.
Outros estudos continuam em andamento considerando rotas alternativas para a importação, como caminhos pelo Uruguai, um terminal de gás liquefeito e a inversão do fluxo do gasoduto Bolívia-Argentina, que é considerada a opção mais rápida. Também está em análise uma ligação entre Argentina e Uruguaiana (RS).
O projeto Bioceânico, que está sendo aproveitado para a construção deste gasoduto e que também envolve o Chile, tem como objetivo competir com o canal do Panamá no transporte de cargas. Trata-se de uma rede com mais de 2.290 quilômetros de estradas e pontes, cujo investimento estimado é de US$ 10 bilhões.