31.5 C
Brasília
sexta-feira, 14/11/2025




Alfonso Herrera alerta sobre redução da ajuda humanitária na COP30

Brasília
nuvens dispersas
31.5 ° C
31.5 °
29.5 °
32 %
3.1kmh
40 %
sex
30 °
sáb
31 °
dom
31 °
seg
33 °
ter
33 °

Em Brasília

O ator mexicano Alfonso ‘Poncho’ Herrera, ex-integrante do RBD, retornou a Belém após 19 anos, encontrando-se com uma realidade muito diferente. Em 2006, ele esteve na capital paraense para se apresentar diante de um estádio cheio como artista; agora, volta como embaixador da Boa Vontade do ACNUR, a agência da ONU para refugiados, para participar da COP30. Ele expressa sentimento de alegria e responsabilidade.

Em entrevista exclusiva ao Metrópoles, Poncho destacou a importância de discutir temas significativos em painéis da COP30.

“Sinto felicidade por estar em um espaço que oferece voz a quem normalmente não é ouvido. Como enfatiza o Alto Comissário, ninguém pode ser deixado para trás. A COP busca implementar medidas para garantir um futuro mais esperançoso às pessoas deslocadas pela violência”, comentou o artista.

Herrera participou de debates com jovens e representantes de comunidades refugiadas, ressaltando que o contato direto com essas pessoas é o aspecto mais transformador de sua missão. “É emocionante estar diante de 300 pessoas, incluindo 150 jovens interessados em entender a situação dos refugiados e como podem colaborar.”

Embaixador do ACNUR há cinco anos, Poncho considera sua participação na COP30 uma das experiências mais impactantes da carreira. Durante o evento, dividiu compromissos com figuras como o Alto Comissário Filippo Grandi e lideranças indígenas refugiadas na Amazônia, como Gardenia, uma venezuelana da etnia Guarayo.

“Conheci relatos difíceis de pessoas que tiveram que fugir da Venezuela, mas também observei soluções desenvolvidas por essas mulheres nas comunidades onde vivem. Elas possuem um conhecimento valioso, mas faltam recursos para implementar essas iniciativas”, contou o ator.

Ele destacou ainda o entusiasmo dos jovens presentes na conferência. “Ver jovens engajados e participativos é motivo de grande alegria para mim.”

Quanto ao seu papel como artista, Herrera é claro: não se vê como protagonista, mas como um canal para amplificar causas urgentes.

“Sou apenas um meio para que essas vozes sejam ouvidas. Os verdadeiros heróis são os profissionais do ACNUR que atuam diretamente no campo, proporcionando assistência a refugiados, crianças e idosos em situação de vulnerabilidade.”

Mudanças climáticas e crise dos refugiados

Durante a conversa, Poncho reforçou a ligação entre o deslocamento forçado e as alterações climáticas. Segundo ele, cerca de 120 milhões de pessoas estão em situação de refúgio no mundo — número semelhante à população do México — e três quartos já sofrem os efeitos da crise climática.

“Quando um país que acolhe refugiados enfrenta uma calamidade climática, essas pessoas ficam duplamente vulneráveis”, exemplificou, mencionando enchentes no Rio Grande do Sul, Honduras e áreas de desertificação severa no México.

Por isso, defende que os refugiados sejam incluídos nas políticas ambientais dos países que os acolhem.

Redução da ajuda internacional agrava crise humanitária

Herrera também ressaltou outro problema: a diminuição global da ajuda humanitária. Ele conta que visita com frequência campos de refugiados em países como Uganda, Egito, Ucrânia e Honduras, onde presencia realidades difíceis — muitas vezes envolvendo crianças desacompanhadas.

“Embora o número de deslocados aumente no mundo, a ajuda humanitária diminui, tornando o trabalho mais desafiador. É preciso criatividade e esforço redobrado”, afirmou.

Em Uganda, emocionou-se ao ver crianças da mesma idade que seus filhos — 5 e 9 anos — chegando sozinhas aos assentamentos. “Elas se unem em grupos para não se sentirem só. As doações são essenciais para garantir educação e assistência legal.”

Experiência no Brasil

Mesmo com a agenda cheia na COP30, o ator teve a oportunidade de provar a gastronomia local. “Experimentei cachaça e peixe típico, mas tudo de forma rápida devido aos muitos painéis.”

Após a conferência, Poncho planeja retornar ao México para continuar seus projetos pessoais e o trabalho com o ACNUR. Entre os seus próximos passos estão novas viagens pelo Brasil, incluindo à cidade de Boa Vista, além de missões na Ásia.




Veja Também